tag:blogger.com,1999:blog-6448467753098520002024-03-12T20:03:02.918-03:00Depois de BenjaminRô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.comBlogger43125tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-81711619653140437342014-05-13T15:58:00.000-03:002014-05-13T15:58:13.996-03:00...curtinhas do Benj...- Vovô, sabia que eu nasci?<br />
<i>(um pouco depois eu contar sobre o parto e mostrar as fotos)</i><br />
<br />
<i>Depois que o pai contou para ele algo que fez quando criança, Benjamin começa a contar as coisas que fez assim:</i><br />
- Quando eu era criança...<br />
<br />
<i>A troca fofa do 'já' e do 'ainda':</i><br />
<i><br /></i>
<i>Quando ainda não fez uma coisa: </i>- Eu já não assisti esse desenho.<br />
<i>Quando já fez uma coisa:</i> - Ainda vi esse desenho.<br />
<br />
<i>Viu o Papai Noel e confundiu com o Papai do Céu, expliquei quem era e ele perguntou:</i><br />
- Eles brincam juntos?<br />
<br />
<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-6646650893863394712014-04-17T20:36:00.003-03:002014-04-17T20:48:22.998-03:00Necessidades, desejos e conexão - a birra nossa de cada dia!Esse post maravilhoso da<a href="http://peprafora.blogspot.com.br/2014/01/o-feminino-crianca-e-laura-gutman.html" target="_blank"> Penelope com citações da Laura Gutman </a>me transportou para outra dimensão. Nesse outra dimensão eu pude encarar minhas necessidades, aquelas que estão aqui escondidas no peito há tanto tempo que muita sujeira e poeira as encobriam.<br />
<br />
E quais são essas necessidades? <b>Cheguei a uma frase que, para mim, defini bem: ser olhada e ouvida, ou melhor, me sentir assim. Que para mim é sinônimo de ser amada.</b><br />
<br />
Foi sendo mãe que entendi como se olha de verdade para uma pessoa. Foi com Benjamin que entendi como se ouve, como se enxerga um outro ser. Olhar é muito mais que pousar os olhos, ouvir é muito mais que deixar que o som adentre por nossos ouvidos.<br />
Eu sei quando pouso meus olhos sobre ele e quando eu enxergo e ouço meu filho de verdade, mas não sei se consigo falar como isso acontece, porque não é uma coisa muito racional. É estar aberta com todo meu corpo, mente e espírito para ele. É ouvir o que ele fala sim, mas é também ler em seus olhos, em seus traços, em seu corpo o que ele quer me dizer de verdade. É sentir o que ele está sentindo. Além disso tudo, é também não julgar. É desligar meu filtro do julgamento e simplesmente deixar que a mensagem venha. Ligar a empatia e me conectar com esse serzinho maravilhoso que o Universo me confiou tão generosamente.<br />
<br />
<b>Eu sei a diferença entre pousar os olhos e enxergar pelas sensações do meu corpo e pelo fluxo da minha mente. </b>Às vezes o olho brincando e penso em todas as milhares de coisas para fazer, é como estar em outra sintonia. Em outras, vejo a mesma cena e consigo estar inteira nesse olhar, observar cada movimento dele e entrar em sua sintonia. <b>Conexão é a palavra.</b><br />
<br />
Não sei como aprendi isso, mas sempre me disseram que sou boa ouvindo, então devo ter uma predisposição para isso. Mas depois de Benjamin fui aprendendo a fazer isso com outras pessoas. E é incrível o quanto se aprende com uma atitude tão simples. É como ler nas entrelinhas, como ver os bastidores de uma peça... é como ouvir além do que as palavras dizem.<br />
<br />
Lembro de um momento antes de engravidar em que eu percebi o quanto as palavras podem ser vazias. Eu andava pela rua vendo as árvores e pensava como elas eram bonitas, que eu amava a natureza. As palavras vinham, mas eu não sentia o amor dentro de mim. Eu podia dizer "eu te amo" sem sentir isso. Pensava que não era possível que o amor ou qualquer outro sentimento fosse simplesmente esse conjunto de letras ou mesmo um pensamento, era preciso sentir. Benjamin nasceu e eu aprendi a sentir. Ou reaprendi. E agora eu posso dizer "te amo, filho" só por falar, mas também posso sentir isso no meu peito e entrar no fluxo desse sentimento.<br />
<br />
Para mim, ver e ouvir são a mesma coisa. Posso ver e ouvir a parte racional, verbal, objetiva com meus olhos e ouvidos, ou posso me abrir completamente para um ser, situação e usar meus outros sentidos para realmente entrar no fluxo.<br />
<br />
Fiz todo esse raciocínio doido para dizer que o <a href="http://peprafora.blogspot.com.br/2014/01/o-feminino-crianca-e-laura-gutman.html" target="_blank">post da Penelope</a> que me fez pensar nas minhas necessidades primordiais e as trouxe a tona de uma vez me fez perceber em quantas vezes eu agi por essas necessidades para que as pessoas ao redor enxergassem além das minhas atitudes. <br />
<br />
Ui, ficou complexo o negócio! Vamos 'objetivizar' a coisa usando os exemplos infantis que são tão mais fáceis de nos fazer enxergar:<br />
<br />
- Ser visto e ouvido de verdade é uma necessidade básica humana (eu considero!)<br />
<br />
- Benjamin tem um problema (pode ser sono, cansaço, fome etc). Eu não enxergo que ele tem um problema. Ele PRECISA ser visto, ele precisa que eu veja o seu problema (que ele mesmo não pode definir pela pouca idade) e o solucione. <br />
<br />
- Talvez ele já tenha tentado formas sutis e eu não tenha visto. Como ele faz? FAZ ALGO QUE ME INCOMODE! Algo que ele sabe que vai me incomodar, algo que ele sabe que eu vou VER!<br />
<br />
<br />
- Birras se encaixam totalmente nisso para mim! Além de nos incomodar elas são uma forma de os pequenos colocarem para fora o que ainda não conseguem expressar de outra forma.<br />
<br />
- Ele quer me incomodar, mas não é simplesmente por incomodar. Ele precisa que eu me conecte com ele e veja além do incômodo, que eu encontre a origem dessa atitude.<br />
<br />
- É como se a atitude dele (normalmente negativa, porque é isso que vai mexer comigo) fosse um pedido de ajuda. Um grito de socorro.<br />
<br />
Ok, e como isso se aplica aos adultos?<br />
<br />
Só posso falar por mim, mas minha necessidade é ser realmente ouvida e vista. Estou triste, chateada, irritada ou qualquer outra coisa... tenho uma atitude que sei (de forma normalmente inconsciente e que nem percebemos) que irá incomodar alguém. Esse é meu pedido deslocado de ajuda. Quero que, ao ser grossa (normalmente é isso que faço), a pessoa enxergue o que me fez ter essa atitude. Quero conexão. Sim, é uma birrinha adulta, porque de alguma forma não estou reconhecendo minhas necessidades e muito menos conseguindo expressá-la adequadamente.<br />
<br />
Uau, que pensamento doido e confuso. Será que fará sentido para mais alguém? <br />
<br />
Mas a questão que fica para mim é, se alguém me incomoda o quanto desse incômodo está em mim (porque encontrou eco no que eu penso sobre mim mesma) e o quanto é um pedido de ajuda? <br />
<br />
Bora começar a olhar diferente para os mal humorados, para os irritantes, para os grossos (eu! rs), para os irônicos, os sarcásticos, os birrentos? E claro, para nossas crianças! Que necessidades têm? Que problemas as levaram a agir assim?<br />
<br />
<br />
<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-13655666715363073262013-12-13T09:16:00.002-02:002013-12-13T09:16:21.827-02:00Frustação.... perfeccionismo e compulsão?<div class="tr_bq">
Li esse post bem bacana explicando a relação dos três elementos do título: <a href="http://naoperfeccionismo.wordpress.com/perfeccionismo-frustracao-e-compulsao/#comment-489">http://naoperfeccionismo.wordpress.com/perfeccionismo-frustracao-e-compulsao/#comment-489</a></div>
<br />
E depois da leitura, fiz uma reflexão que se transformou nesse [gigante] comentário:<br />
<br />
<blockquote>
Adorei essa postagem! Desde que me tornei mãe o processo de auto conhecimento disparou, o perfeccionismo também. Mas entender o mecanismo faz TODA a diferença.<br />Uma questão sobre a criança frustrada, acho que a grande questão é aceitar o que consideramos "birra" justamente porque ela não sabe lidar com a frustração, ela nem sabe que está frustrada. Esse processo começa junto com o EGO, quando a criança começa a ser perceber como indivíduo, conhece o NÃO e inicia a separação fusional da mãe. Entende como tantas mudanças acontecem ao mesmo tempo? Tem até um termo Terrible Two, ou a adolescência do bebê rsrs...<br />Então, acho que o meu papel como mãe é primeiro acolher a frustração e a forma como a criança a expressa (pq ela não tem ferramentas para expressar melhor), depois de acalmá-la explicar o que aconteceu (ela ficou frustrada por tais motivos, tentar nomear os sentimentos) e dar as ferramentas para ela ir aprendendo a lidar com isso de outra forma.<br />E por que estou explicando esse processo de como o vejo sendo mãe? Para tentar entender o que nossos pais fizeram. A maioria dos pais não acolhe a frustração, eles ficam revoltados com o a forma que expressamos (chamam de birra, como se fosse uma manipulação, um joguete infantil para conseguir o que quer), tentam reprimi-la, sem explicação: "Não pode fazer isso e pronto. Engula o choro, se controle". Mais dia menos dia aprendemos a fazer isso, não por controle ou por aprender a lidar com aquilo, mas porque a consequência (castigo, apanhar, ou só o olhar torto dos pais, nós amamos nossos pais, queremos agradá-los, sermos considerados bonzinhos - só a ideia da retirada de amor nesse período é perturbadora) é muito pior. Eu acho que é ai que vira compulsão, porque essa frustração tem de sair de algum jeito, não temos ferramentas, dá-lhe compulsão.<br />E essa questão da retirada do amor é essencial. Meu filho teve um acesso de descontrole esses dias (ele tem 2 anos e 2 meses), eu consegui não me enfurecer junto (é meu primeiro impulso sempre), consegui abraçá-lo (ele se debatia) e dizer o que gostaria de ouvir nos meus descontroles: "Eu te amo, mesmo no seu descontrole, eu vou te amar sempre, vou estar sempre com você. Você vai se descontrolar até aprender a lidar com tanta emoção e eu vou estar com você. Vamos aprender juntos, pq tmb num sei". Mas dizer só não basta, é preciso sentir isso, respirar com calma, crianças sentem tudo. Então, enquanto o abraçava pensava na criança em mim sendo acalentada. Aceitava o descontrole dele e o meu, amava a ele e a mim. Foi libertador. E aos poucos senti o corpo dele relaxando, se entregando pro abraço, o choro diminuindo, até que ele me abraçou de volta. Apertado e sem choro. Depois disso, conversamos sobre como ele se sentia e fomos brincar.</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<br /></blockquote>
Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-41395581969551923692013-09-30T21:06:00.001-03:002013-09-30T22:16:53.672-03:00Os dentes, as crises e de novo: o choro<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://media-cache-ec0.pinimg.com/236x/26/2b/b2/262bb2cd4f62c7983974306af6270c03.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://media-cache-ec0.pinimg.com/236x/26/2b/b2/262bb2cd4f62c7983974306af6270c03.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pinterest. @Marlene Dellazeri</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
Mais uma vez o choro volta a ser assunto no meu maternar (já falei disso <a href="http://depoisdebenjamin.blogspot.com.br/2013/07/benjamin-o-desmame-e-o-choro.html" target="_blank">aqui </a>e <a href="http://depoisdebenjamin.blogspot.com.br/2013/07/mais-reflexoes-sobre-o-choro.html" target="_blank">aqui</a>). Depois de entender e aceitar o choro do desmame noturno achei que já tinha aprendido a importância desse ato para a expressão das dificuldades e frustações de Benj. Ledo engano, essa sombra é bem mais complexa do que imaginei e ainda sinto que tem muito a desvendar sobre lágrimas no meu peito.<br />
<br />
Tudo começou<i> (no plano consciente) </i>com uma cárie no dente do meu pequeno e a necessidade de melhorar MUITO a escovação <i><strike>(menasmain feelings)</strike></i>. A escovação se tornou uma batalha diária, e tripla: ao acordar, depois do almoço e para dormir. Três rounds duros com <b>uma criança que chorava como se estivesse sendo torturado e uma mãe frustrada</b> por não conseguir fazer o filho entender a importância do hábito.<br />
<br />
De um lado o choro "inaceitável", do outro a raiva e o desespero.Duas bombas explodindo juntas diariamente.<br />
<br />
Então, em um momento de desabafo meu regado a lágrimas tão reprimidas. Percebi o quanto o choro aliviou a carga. Era como se aquela água salgada limpasse as dificuldades dentro de mim. Com elas iam meus medos, minha negatividade, minha vontade de desistir. As lágrimas abriam espaço no peito para a esperança, para vontade de tentar de novo.<br />
<br />
Mais tarde, no mesmo dia, uma amiga postou<a href="http://filhasefilhos.com/2013/09/27/choro-na-hora-do-cha-ajudando-as-criancas-a-extravasar-as-emocoes/" target="_blank"> esse texto no Facebook </a>(Obrigada, Vânia!). E foi quando as fichas começaram a cair. <br />
<br />
Benjamin está dando milhares de sinais diários de que precisa desabafar: a irritação, o choro fácil, chama o pai várias vezes, chora quando faço algo e mais ainda quando faço o contrário de algo. E mama, mama e mama. Pede mamá constantemente. <br />
<br />
<b>Quantas vezes nos última dias fiz algo só para não ouvir seu choro? Quantas vezes dei de mamar contra vontade só pra ter silêncio? Quantos vezes dei colo e abraço para que ele NÃO CHORASSE? Quantas vezes quis calar e estancar suas lágrimas?</b><br />
<br />
Nós nos mudamos de cidade recentemente, ele só vê o pai alguns dias da semana, está ficando longe de mim durante a manhã, falando e entendendo mais e mais, ficando cada vez mais independentemente e fazendo mais coisas sozinho... Sem contar na minha saudade do marido, nas minhas dificuldades com a mudança, nos problemas que não estou conseguindo lidar e que acabam alcançando ele também.Pois é, muito motivo para chorar nesse corpinho que completa 2 anos depois de amanhã.<br />
<br />
<b>E eu tentando parar o choro. Estancar as lágrimas. Quando ele só precisava chorar. </b><br />
<br />
E hoje eu deixei que chorasse, acolhi o choro o melhor que pude: hora da janta e ele queria mamar, respondi que poderia depois que eu terminasse de comer. Chorou, chorou e eu fiquei com ele, fazendo carinho, olhando em seus olhos e aceitando seu choro. Mentalizando tudo que gostaria de dizer. Em alguns segundos o choro cessou, ele voltou a comer bem (já tem dias que troca o peito pela comida) e o senti mais tranquilo. Mais leve.<br />
<br />
Bem vindo choro. Que eu saiba te aceitar e te receber. Seja do Benj, seja o meu, seja o de qualquer um.<br />
<br />
<i><span style="font-size: x-small;">Nota: ler novamente sobre o pedido deslocado que fala a Laura Gutman. </span></i><br />
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<br />
Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-21107670362274569532013-09-11T18:53:00.001-03:002013-09-11T18:53:29.477-03:00Matrix<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">Quando eu vi Matrix achei que não tinha nada entender nele. Um conceito simples: pessoas aprisionadas em suas próprias mentes controladas por uma máquina que criava sua própria realidade.</span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">Mas a cada dia depois do meu parto eu vejo o que tinha para ser entendido. A Matrix é real, ela existe e estamos aprisionados nela. Esqueçam os efeitos especiais e a parte emocionante do filme. Não há pílulas que nós façam acordar, só informação.</span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">Comecemos do começo. A mulher engravida, sua vida vai mudar por completo, a começar pelo seu corpo. Há muitas coisas para se pensar, tornar-se mãe é um dos maiores marcos na vida de uma mulher. Mas ela SÓ se preocupa com a decoração do quarto do bebê, com o enxoval e o chá de bebê.</span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">Ela quer normal, mas seja o que deus quiser. Cesárea, claro. Mais lucrativa, prática e limpa. Com hora marcada a mãe pode fazer cabelo e unha, talvez maquiagem. Médico não precisa acordar de madrugada nem perde nenhum compromisso. O bebê tem mais chances de usar a super UTI neonatal que custou milhões, também tem mais possibilidades de adoecer e tomar coquetéis de remédios. Doenças respiratórias crônicas, refluxo... O bebê começa a se tornar um cliente perfeito para a indústria farmacêutica.</span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">A mãe pode ter depressão pós parto, sem os hormônios do trabalho de parto o vínculo com o filho fica mais difícil e a amamentação pode ter complicações. Ótimo! Paciente para psiquiatras, e bora enriquecer as empresas do leite artificial. Leite artificial que traz desconforto para o bebê, não tem todas as vitaminas necessárias, não fortalece a imunidade. Tudo bem, mais remédios para as doenças que virão e vitaminas sintéticas a cada consulta mensal.</span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">E ai o bebê começa a querer comer (ou alguém decide que está na hora, o que importa se ele quer ou não?). Comece com uma bolacha maizena, e qualquer outro industrializado. Danoninho que delícia, vale por um bifinho! Yakult que é saudável. Papinha da Nestlé porque cozinhar dá muito trabalho. E assim vamos entupindo bebês com falsos alimentos, feitos com ingredientes que nunca ouvimos falar, com realçadores de sabor que viciam o paladar e garantem que aquela criança não gostará de legumes. Criança essa já com a imunidade em baixa pela cesárea, pelo leite artificial e pelos remédios (antibiótico) que já tomou. </span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">Mesmo assim ela é ativa! Como gosta de brincar e pular, ah, mas a mãe/cuidador tem tanto para fazer. "fica quietinha vendo tv, fica." Nas primeiras vezes não funciona, mas há tanta insistência que, sem opção, a criança se resigna e se aquieta. Fica quietinha vendo tv. O corpo ativo, vivo, vai dando lugar a apatia. Vê tv comendo doces ou qualquer comida que traga um mínimo de prazer.</span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">Mas isso vai mudar! Vai chegando a hora da escola, agora sim ela vai ter atividades que auxiliam no desenvolvimento, muitos amiguinhos para brincar e gastar energia. Quanta coisa pra aprender.</span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">Chega na escola e se senta na cadeira. Não pode falar com o amiguinho agora! Professor lá na frente fala e fala, despeja conteúdo. E o corpinho cada vez mais apático, energia sendo acumulada, mente se enchendo de inutilidades.</span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">Brinca 20 minutos por dia, na hora do recreio. Isso se desistir do bolinho recheado que veio na lancheira. </span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">E a criança vai crescendo. O corpo cada dia mais atrofiado. Na adolescência reclamam que é preguiçosa. "Sai da frente dessa televisão!".</span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">Nessa fase já entendeu que o corpo é só embalagem. O que importa é mente e alma. Para que perder tempo se exercitando? Para que comer bem? Já não sabe ouvir o corpo. Sono? Espera acabar a maratona da série preferida. Sede? Xixi? Espera o comercial. </span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-20976344820068267012013-08-10T08:33:00.000-03:002013-08-10T08:33:11.877-03:00dois corpos. duas almas.<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://media-cache-ak0.pinimg.com/736x/f1/dd/9a/f1dd9a8accee30928efd9a6744614c15.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="http://media-cache-ak0.pinimg.com/736x/f1/dd/9a/f1dd9a8accee30928efd9a6744614c15.jpg" width="352" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pinterest. Lourdes Valle Ruiz</td></tr>
</tbody></table>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">começamos como um só corpo, protegido em meu ventre você crescia.</span><div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<span style="text-align: -webkit-auto;">sentindo a vida no meu útero, eu crescia.</span></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<br /></div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">aprendi a fluir com as águas assim que meu fluxo de sangue parou. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">conheci </span><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">um ciclo novo e por nove luas estive acompanhada de você sob minha pele.</span><div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<br /></div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">junto com a barriga, crescemos.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">por dentro e por fora.</span><div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<br /></div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">até que a onda veio. dançamos juntos em cada contração.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">me dividi, me parti, nos separamos. E você veio. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">PAIXÃO. Como será que foi pra você?</span><div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<br /></div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">corpos já separados, mas alma ainda é uma.</span><div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<span style="text-align: -webkit-auto;">sou você, você sou eu. minha alma ainda gesta a sua.</span></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<span style="text-align: -webkit-auto;">emoções compartilhadas.</span></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<br /></div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">outra dança iniciada, dançamos junto e separados. </span><br style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;" /><span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">num rodopio nos afastamos e então reencontramos.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">um dois três quatro.</span><div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<br /></div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">vou me dividindo, separando.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">dando espaço pra que a sua alma pequenina nasça e cresça da minha.</span><div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<br /></div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">dói. arde. é difícil parir alma.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">mas juntos vamos nos separando e logo mais seremos dois.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">cada qual com sua alma, seu corpo e sua vida.</span><div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<br /></div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">muito de você fica em mim. de mim muito você leva. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">e numa dança solitária você irá apagar o eu para poder nascer o seu.</span><div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">
<br /></div>
<span style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; widows: 2;">te amo, filho meu. dói não ter mais sua alma em mim nem a minha em você.</span></div>
Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-58595857100692403752013-07-28T08:17:00.000-03:002013-07-29T21:47:45.548-03:00Mais reflexões sobre o choro<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://media-cache-ak2.pinimg.com/originals/6f/4f/52/6f4f521c0eb7bdddd19e7545cba5a8cc.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://media-cache-ak2.pinimg.com/originals/6f/4f/52/6f4f521c0eb7bdddd19e7545cba5a8cc.jpg" width="176" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Do Pinterest. <br />
Usuário:<i> Peace Whitin</i></td></tr>
</tbody></table>
As perguntas são a chave para o que está escondido dentro do nosso peito. Aprendi isso, e sempre que uma pergunta começa a martelar dou atenção a ela para encontrar o que está por trás da porta. Depois das reflexões do último post, comecei a me perguntar:<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<b>Por que alguns choros do Benjamin me incomodam tanto? Por que especificamente esse do desmame foi tão dolorido?</b></blockquote>
<br />
Pegunta feita. Ecoada.<br />
<br />
Alguns choros me incomodam porque me parecem o reflexo da minha incapacidade de proteger, acolher ou "não frustrar" meu filho. Me incomoda, por exemplo, quando ele tem fome e ainda preciso fazer a comida. Porque se ele tem fome eu já deveria ter comida pronta, não? É isso que meu cérebro confuso me faz pensar. E por isso me incomoda.<br />
<br />
E o do desmame?<br />
<br />
Me incomoda porque é simples acabar com o choro. É só amamentar, ora essa. Não amamentar foi uma escolha minha, sou eu que estou causando o choro do meu filho. Sou eu e ponto. É incômodo frustar nossos filhos assim, né?<br />
<br />
As relações são assim. A vontade de um esbarra no limite do outro. E eu sou mãe, algum dia me fiz pensar que a vontade do meu filho é lei. E foi, por muito tempo. Amamentação em livre demanda rolou por aqui até pouco tempo. Mas ai meu limite foi chegando, eu fui ignorando porque acreditei que deveria ser como era até os 2 anos.<br />
<br />
Ai o limite chegou de vez. E ploft! A amamentação se tornou ruim para mim, incômoda, obrigação. E refletiu em toda nossa relação. E refletiu em toda minha vida. Na verdade, talvez minha vida tenha refletido na amamentação. Eu não sei o meu limite para tantas coisas, em tantas coisas me quebro para vontade do outro.<br />
<br />
Quantas me quebrei para vontade do meu filho? E o que ensinei com isso para ele?<br />
<br />
Que a gente deve ignorar nossos limites quando ama alguém.<br />
Flexibilizar o máximo, mesmo que isso nos quebre.<br />
<br />
E assim, dia após dia, com a amamentação e com tantas outras coisas na minha vida, fui flexibilizando, indo além dos meus limites. E me quebrando.<br />
<br />
Me despedacei e hoje junto os cacos.<br />
<br />
E o que meu filho ganhou com tanta flexibilidade? Uma mãe, que de tão despedaçada e esgotada, não consegue mais se entregar por inteiro. Sem luz, sem brilho. Que só tem conseguido reclamar e ver o negativo.<br />
<br />
Calma, filho. A mamãe já descobriu o problema. Vou precisar juntar os cacos, colar, remendar. Mas eu volto, tá? Volto inteira!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-10817735164356864082013-07-27T07:46:00.003-03:002013-07-27T07:53:25.884-03:00Benjamin, o desmame e o choro<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLFeXUoIES9AJlkMFqfsDy-TA7S1NStfVv8PVrJp4V3lSmfCw9azrzUFwNdaX1cIivpLc81688UCx-cvt98uA7orupDRisqK3XaApcMbClbC9-6RkDuksY5dxCOxc-W87AIFZh5tnPdrFN/s320/choro.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLFeXUoIES9AJlkMFqfsDy-TA7S1NStfVv8PVrJp4V3lSmfCw9azrzUFwNdaX1cIivpLc81688UCx-cvt98uA7orupDRisqK3XaApcMbClbC9-6RkDuksY5dxCOxc-W87AIFZh5tnPdrFN/s400/choro.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Encontrei <a href="http://aobabebe.blogspot.com.br/2011/06/deixa-que-eu-chore-minha-sorte-cruel-e.html?spref=fb" target="_blank">esse texto</a> ao procurar imagens para ilustrar o post. Vale a pena!<br />Obrigada, Universo, por sempre me dar sinais. </td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
Benjamin chora. E quando quer, chora forte, alto. Chora muito.<br />
<br />
O choro foi feito para ser incômodo para os adultos. É sinal de que algo vai errado.<br />
<br />
Se chora de frio. Eu o aqueço. Se é de fome, o alimento. Se é sono, levo para o quarto quietinho e ajudo a dormir.<br />
<br />
Mas o choro não é só o alarme. Ele também chora quando sente dor, seja de machucado ou de doença. Chora quando está triste porque alguém teve de ir embora. Chora de saudade porque o pai está longe.<br />
<br />
Eu lido bem com o choro da dor. Esse sempre foi fácil de acolher, desde que ele tinha dias e chorava, imagino eu, da dor de não estar mais no meu ventre.<br />
<br />
"Chora, filho. Chora que passa. Mamãe, tá aqui. Vem, me abraça. Dói, né? É ruim." - ele vem, abraça e chora. Se acalma. "Tá doendo ainda, meu amor?" - a cabeça balança para lá e para cá respondendo que não. "Então, vai brincar." - seco as lágrimas e ele vai, sorridente, a dor fluiu e ele se esquece. Costuma, inclusive, voltar a fazer o que causou o machucado.<br />
<br />
E ele chora quando o contrario (esse é difícil também!). Chora quando está frustrado. Chora porque a ainda não sabe botar para fora de outro jeito. As palavras que já sabe nem sempre servem para contar o que acontece dentro dele. E bem, na verdade, mesmo que servissem ele ainda não consegue coordenar sentimentos e emoções com a fala. Bom, ele não tem 2 anos. Eu tenho 23 e ainda não sou boa nisso.<br />
<br />
Ai, eu decidi (é, eu, foi unilateral) que tinha chego a hora do desmame noturno. Meu limite na amamentação chegou já faz um tempo, está ficando cada vez mais difícil me entregar e eu enrolei o quanto pude, mas só piorou tudo. E a sensação de que algo precisava mudar a muito tempo dentro do peito, decidi que precisávamos dormir melhor. Começamos o desmame noturno.<br />
<br />
Já faz tempo que explico para ele do meu cansaço, que às vezes dar mamá me incomoda muito. Que a culpa não era dele e que eu ia continuar o amando para sempre. Mesmo sem o mamá. Disse também que teríamos que ir diminuindo as mamadas, para que eu conseguisse amamentá-lo por mais tempo.<br />
<br />
Eu sei que ele não precisava mais mamar a noite. Sei que ele consegue ficar sem isso. Que podemos encontrar outras formas de carinho. Comecei o desmame.<br />
<br />
Hoje foi o terceiro dia. E eu esperava realmente que o choro fosse diminuindo. Ele pede, eu explico que o mamá precisa descansar para ficar mais gostoso no outro dia, que nós dois precisamos descansar e a noite é para dormir. E ele chora.<br />
<br />
Tenho a impressão que chorou menos nas duas primeiras noites. Por não ter ninguém conosco talvez? É mais fácil aceitar o choro dele quando estamos sozinhos e não me preocupo se vai acordar alguém.<br />
<br />
Essa noite ele acordou no horário de costume, pediu mamá e eu expliquei de novo. Ele chorou. E chorou mais um pouco. Alto. Forte. "MA-MÁ".<br />
<br />
"Será que vai chorar muito ainda?" - suspiro e silêncio. Retoma o fôlego, chora mais alto. "Ai, será que ele não tá pronto? Ele não devia chorar tanto, devia? Será que tô fazendo mal para ele? Será que fiz errado? Se eu der mamá agora vai ser pior?".<br />
<br />
Eu sabia, daquele jeito que não se pode explicar, que eu não devia dar. Ia confundi-lo mais. "Falta muito para amanhecer?". Faltava.<br />
<br />
E o choro não diminuía. E eu tentava trabalhar em mim "Ele tá pronto. Ele não precisa mais mamar. Não precisa. Eu tô aqui, eu tô aqui. Ele não está sozinho, não o estou abandonando". (Importante dizer que compartilhamos a cama, ele chorava junto comigo.)<br />
<br />
Ele não queria nem mesmo ficar perto de mim. Chorava sentado e me empurrava. Respirei fundo e aceitei o choro. "Então, chora filho." - E ele chorou mesmo. Até se acalmar, se aninhar no meu colo e voltar dormir.<br />
<br />
Algumas horas depois, acordou de novo, pedindo mamá de novo. Chorando, claro. Eu respirei fundo, de novo. "Será mesmo que ele está pronto?" - perguntei as horas para o pai do lado. Faltava para amanhecer, não era hora de mamar mesmo.<br />
<br />
"O que eu preciso trabalhar em mim?" - respira fundo, ouve o choro, pensa. Meu impulso era dizer tudo que já tinha sido dito. O mamá tá cansado, amanhã tem mais, hora de dormir, eu tô aqui. Mas ele sabia tudo isso, já tinha repetido para ele mil vezes.<br />
<br />
O que eu queria que fosse feito comigo? O que eu queria ouvir? Nada. Eu não ia queria que falassem, queria só botar para fora. Eu não sabia falar, só sabia chorar. Chorar era meu desabafo.<br />
<br />
Era isso. <b>Chorar é o desabafo dele! </b>Tão óbvio, tão claro... ele só precisava mesmo era chorar e que eu focasse nele, acolhesse.<br />
<br />
Fiz isso. O que ele deve tá sentindo? Ele tá pronto, não precisa mais. Mas isso não que dizer que ele não sinta vontade ou falta. E ele tem direito de sentir falta, de ficar triste e bravo comigo.<br />
<b><br /></b>
Ele tem direito de chorar. <b>Chorar é o jeito dele elaborar mais esse rompimento. </b><br />
<br />
O choro não representa que ele precisa mamar, mas é o jeito dele botar para fora o fim dessas mamadas. Eu fico me perdendo nos pensamentos tentando elaborar, mas não consigo aceitar o jeito que ele tem de elaborar.<br />
<br />
Só deixei claro que estava ali, junto com ele. E só pensei nas coisas que gostaria de dizer "Chora, filho. Mamãe tá aqui. Quando quiser vir para o meu colo estou aqui".<br />
<br />
E o choro parou rápido. Ele deitou longe de mim e eu tentei trazer para perto. Ele chorou, não queria ficar perto de mim, estava bravo comigo. Deixei ele deitar longe e fiquei fazendo carinho. Ele deitou no meu colo depois de algum tempo. E dormiu...<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">PS: Enquanto ele dormia no meu colo imaginei esse texto, e percebi que outro rompimento nosso que se faz necessário vai ser regado a lágrimas. Mas fica para outro post porque esse já virou livro.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-5446263079977371292013-03-12T01:28:00.000-03:002013-03-12T01:28:30.161-03:00Assumindo responsabilidadesUma mãe não se irrita por um filho não entender algo, a irritação vem por que ELA não consegue fazer com o que o filho entenda.<br />
Depois que entendi isso, muitas coisas vão ficando mais fáceis... em todas as relações.Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-27168388874525187842013-02-19T13:46:00.000-03:002013-02-19T13:46:17.556-03:00Prioridades - as minhas e as dos outrosOs dias andam difíceis, muito difíceis. E várias coisas tem me mostrado que essas dificuldades vem única e exclusivamente de um só lugar: o meu excesso de cobrança. Auto cobrança, que vira cobrança para todos ao meu redor. Inclusive, para a criaturinha que mal passou do seu primeiro ano de vida.<br />
Eu só ainda não sei de onde vem essa cobrança, mas tenho tentado descobrir. A <a href="http://bebedubem.blogspot.com.br/" target="_blank">Flavia Penido (doula linda e abençoada)</a> fez um questionamento que anda ecoando por aqui até agora: O que o Benjamin realmente precisa?<br />
A pergunta parece simples, mas não é. Eu comecei a fazer uma lista das coisas que Benjamin precisa, ai descobri que a lista na verdade era as coisas que <u>EU ACHO</u> que ele precisa. A lista ficou enorme (e nem terminei), e fui vendo o quão espelhada em mídia eu sou, mesmo tendo consciência que aquela vida dos comerciais para lá de utópica (e chata hoho).<br />
<br />
Uma amostra da minha lista já com os devidos comerciais:<br />
Rolou comercial de curativo: uma mãe que sabe cuidar de todos os ferimentos.<br />
De produto de limpeza: casa aconchegante, com atmosfera de limpeza e brilhando.<br />
De sabão em pó e amaciante: roupas perfeitamente passadas, cheirosas e sem manchas.<br />
De margarina: pais equilibrados, sempre sorridentes e apaixonados.<br />
De tempero: comida ultra saudável (não que exista isso em comercial), saborosa e preparada com muito amor.<br />
<br />
Essas foram as que transformei em comercial, mas também teve: organização em tudo (brinquedo, roupa, casa), rotina, brinquedos educativos e divertidos, atividades idem, pouca ou nenhuma televisão, apenas estímulos positivos.<br />
<br />
Escrito assim quase parece fácil. E talvez ai esteja o problema, quando eu penso em cada uma das coisas isoladas elas parecem ser possíveis, e começa a cobrança. Como eu não consigo isso? Por que quando ele se machuca eu tenho de ligar para alguém e perguntar se é melhor por gelo ou levar no PS? Por que eu não consigo tirar as manchas de sabe-se-lá o quê da linda camisa que ele ganhou de natal? Por que a pia sempre tem louça? Por que eu não tenho um repertório infinito de brincadeiras divertidas que o façam parar de ligar/desligar a droga do videogame do pai dele?<br />
<br />
Tem um blog que gosto muito sobre organização, a dona é mãe, trabalha fora e tem projetos paralelos (além do próprio blog). Por mais que eu tente, é impossível não pensar "como ela consegue?" e o pior ainda "por que eu não consigo? por que estou a ponto de pirar diariamente?". Mas ai, em um texto falando sobre a lancheira dos filhos tinha nas sugestões danoninho, peito de peru, suco de caixinha... entre outras coisas que eu não considero nada saudáveis. Questionada sobre isso a resposta foi que aquilo é o melhor que ela pode oferecer levando em conta a logística e os custos. E ai, a ficha caiu. É tudo uma questão de prioridades e de possibilidades!<br />
<br />
A alimentação é uma das minhas prioridades, por isso oferecer alimentos de baixa qualidade pela praticidade não faz parte dos meus planos. Por isso eu gasto um bom tempo na cozinha diariamente, seja lavando e cortando frutas, fazendo o almoço... E é isso: eu prefiro uma pia com louça a uma prato semi pronto. Mesmo assim não consigo (por questões de custo) comprar orgânicos. E a alimentação que ofereço está longe da ideal que eu queria, mas é o que eu consigo no momento, dentro das minhas possibilidades (e isso ainda me dói).<br />
<br />
E a questão aqui não é julgar as prioridades alheias, mas apenas perceber que cada um tem as suas próprias. E por isso o que parece fácil para um é difícil para outro e por aí vai.<br />
Ainda assim, preciso trabalhar muito minhas expectativas, definir minhas prioridades e esquecer do resto (viu, louça? Você vai continuar por ai!).<br />
<br />
PS: Quem ver a lista ali em cima pode pensar que eu consigo alcançar todas essas coisas e por isso piro. Não, não, o problema é justamente não alcançar, é ver a louça lá para lavar, não conseguir lavar, mas ficar remoendo aquilo e me sentindo uma incompetente.<br />
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<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-33119541750496207972012-12-23T11:20:00.001-02:002012-12-23T11:22:32.089-02:00Sentimentos e reações - por que nos incomodam?Estava fazendo meu filho dormir agora e ele começou a se contorcer e a chorar de bravo meio que do nada(é a explosão de fúria dele).
Isso me stressa, me irrita, me deixa ainda mais nervosa (eu já estava, pq fazia uns 40 min que tava fazendo ele dormir já, ninando no colo enfim...). Ai fiz o de sempre, tentei conter o corpinho dele até ele se acalmar e tentando controlar a minha raiva. Ai percebi uma coisa, eu estava tentando conter a raiva, a dele e a minha.
Mudei de atitude, ao invés de conter, deixei que ele liberasse a raiva, com movimentos, com o grito e com o choro. E respirei deixando que a minha raiva também fosse embora. Ele se acalmou, voltou a mamar e depois dormiu (bem depois pro meu desespero, pelo menos o tempo serviu para essa reflexão).
Com isso tudo comecei a pensar, por que eu preciso conter a raiva dele? Pq conter a minha? Ao conter, a raiva ela fica no nosso corpo, e vai piorando... se deixamos ela ir, ela vem e passa. Flui e dá lugar a outro sentimento.
Eu sempre fui contida, nem me lembro de não ser. Contida em tudo, há anos tento esconder meus sentimentos, da tristeza, a raiva e também a felicidade. Mesmo quando eu queria pular, rir a toa, eu me continha e fingia que não estava tão feliz. Por que? Eu não sei responder, meus pais são assim, aprendi assim e nem sei o motivo.
E vou seguranda a raiva, o choro, tudo de ruim até que explodo e ai, é difícil segurar. Celular na parede e coisas assim.
Percebi que era isso que estava ensinando ao meu filho, a esconder o que sente não aceitando a raiva dele, devolvendo com uma raiva também, uma raiva contida. Agora pretendo fazer diferente, acolher todos os sentimentos da mesma forma que acolho o choro quando ele cai. Dizer a mesma coisa: "Chora, filho, chora que a dor passa!".
"Grita, filho, grita que a raiva passa".
E quando a minha raiva vir, fazer exercícios de respiração para que ela flua e dê lugar a outros sentimentos.
Por que nos incomodamos tanto com as demonstrações dos sentimentos deles? Se não machucam ninguém (às vezes ele bate com raiva, mas normalmente depois que já tentamos conter e já não aceitamos a raiva) nem eles próprios, que permitamos as explosões deles e também as nossas. Que aceitamos os sentimentos, que deixemos que venham e que vão.
Que lição deixamos ao não permitir e até castigar os sentimentos?
Beijos reflexivos.
(e-mail enviado por mim mesma a lista Materna/Matrice em uma discussão sobre 'birra', explosões de fúria...)Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-77581961501658141552012-07-03T00:25:00.000-03:002012-07-03T00:25:27.884-03:00Carta Aberta ao Conar<a href="http://infancialivredeconsumismo.com/infancialivredeconsumismo/wp-content/uploads/2012/06/desocupaconar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" class="alignleft" height="307" src="http://infancialivredeconsumismo.com/infancialivredeconsumismo/wp-content/uploads/2012/06/desocupaconar.jpg" style="border: 1px solid rgb(221, 221, 221); display: inline; height: auto; margin-top: 0.4em; max-width: 97.5%; padding: 6px;" width="320" /></a><br />
<div style="border: 0px; color: #373737; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; margin-bottom: 1.625em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Carta Aberta ao Conar</strong></div>
<div style="border: 0px; color: #373737; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; margin-bottom: 1.625em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Duas recentes medidas do Conar referentes aos abusos da publicidade voltada para as crianças nos deixaram preocupados e ainda mais descrentes da atuação deste órgão com relação à proteção da infância.</div>
<div style="border: 0px; color: #373737; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; margin-bottom: 1.625em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
A primeira foi a decisão de sustar a campanha da Telessena de Páscoa por anunciar para o público infanto-juvenil um produto que só pode ser vendido para maiores de 16 anos (de acordo com regulamentação da SUSEP). A segunda foi a advertência dada pelo Conar à Ambev, com relação ao ovo de páscoa de cerveja da Skol.</div>
<div style="border: 0px; color: #373737; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; margin-bottom: 1.625em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Ambas atitudes do Conar seriam dignas de aplausos – se tivessem sido tomadas quando as campanhas publicitárias estavam no ar, na Páscoa, em março. Mas o Conar só agiu em junho, quando as campanhas já não eram mais veiculadas.</div>
<div style="border: 0px; color: #373737; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; margin-bottom: 1.625em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Com isso, não houve nenhum impedimento para que a mensagem indevida da Telessena atingisse impunemente milhões de brasileirinhos e que a Ambev promovesse bebida alcoólica através de um produto de forte apelo às crianças. A advertência à Skol é ainda mais ineficaz, pois não impede que no próximo ano, produto semelhante seja oferecido.</div>
<div style="border: 0px; color: #373737; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; margin-bottom: 1.625em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O Movimento Infância Livre de Consumismo vê nessas decisões a comprovação de que o atual sistema de autorregulamentação praticado pelo mercado publicitário brasileiro é lento, omisso e ineficiente. Fato ainda mais grave quando se trata da defesa do público infantil.</div>
<div style="border: 0px; color: #373737; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; margin-bottom: 1.625em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Por isso, exigimos que a publicidade infantil sofra um controle externo como todas as atividades empresariais. Reiteramos nossa postura de que, sem leis e punição, jamais teremos uma publicidade infantil mais ética.</div>
<div style="border: 0px; color: #373737; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; margin-bottom: 1.625em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Nós, mães e pais, exigimos respeito à infância dos nossos filhos e solicitamos que estas duas atuações não constem dos autos do Conar como casos de sucesso. Contabilizar pareceres dados depois que as campanhas saíram do ar, como exemplo da firme atuação do Conar, é propaganda enganosa. E isso contraria o tal Código de Autorregulamentação que os publicitários insistem em tentar nos convencer que funciona.</div>
<div style="border: 0px; color: #373737; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; margin-bottom: 1.625em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i>(Este texto faz parte de uma blogagem coletiva proposta pelo Movimento Infância Livre de Consumismo juntamente com blogs parceiros. Este movimento é composto por pais e mães que desejam uma regulamentação séria e eficiente da publicidade voltada para crianças. Para saber mais acesse: <a href="http://infancialivrdeconsumismo.us2.list-manage.com/track/click?u=f59ec8e1b753721f4208c60d7&id=72b6a0d4d6&e=898a48ac83" rel="nofollow nofollow" style="border: 0px; color: #1982d1; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" target="_blank">http://www.<wbr></wbr>infancialivredeconsumismo.com.<wbr></wbr>br</a>)</i></div>Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-45760797111086415412012-05-23T09:00:00.000-03:002012-05-23T10:09:46.111-03:00Blogagem Coletiva - Criação com apego, mais amor, menos preconceito<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://www.cientistaqueviroumae.com.br/2012/05/criacao-com-apego-mais-amor-menos_23.html" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" target="_blank"><img border="0" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisN7fdVR82LkJ3nlEWkL-jKm4J-r1NvSn5rQuXO4sAtLMnSICoT2lqcJ3g1_vQMYdHbAVaJi1NHsVu2i_kzrS17cs1XcIKgmKhcB4VHY5TCNI0tTEe9ZVhW1kr0SRMHR2rTtHlD6cm3NY/s320/cria%C3%A7%C3%A3o+com+apego1.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Uma iniciativa do grupo Maternidade Consciente</td></tr>
</tbody></table>
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Quando me vi grávida comecei a buscar pelo parto normal e conhecer outros jeitos de parir e de maternar foi um passo. Jeitos que muita gente crítica e olha torto (inclusive eu antes de gerar).<br />
Dormir juntinho desde sempre e sem pressa de mudar, levar a cria sempre perto em um sling, amamentar sempre que desse vontade (no filho, né rs) e acima de tudo, muito, muito amor e carinho! Na verdade, dormir junto, usar sling e todos os outros tópicos são possibilidades e cada família funciona de um jeito. Mas o amor e o carinho, esses não podem e nem devem faltar;<br />
Foi assim, passo por passo, que descobri um jeito de maternar que respeitasse a criança e as suas necessidades. Só depois de algum tempo descobri que isso tinha um nome: Criação com apego (<i>Attachment Parenting</i>).<br />
Eu não sou uma profunda conhecedora da teoria, li um pouco aqui, um pouco ali e fui pegando o que fazia sentido para mim. Colo e peito em livre demanda, cama compartilhada, amor e muito respeito. Respeito na hora de dormir, na hora de acordar, na hora de comer.<br />
Ai vem aquela pessoa dizendo: larga esse menino, deixa chorar um pouco, se pegar muito no colo vai ficar mal acostumado.<br />
Benjamin ainda é muito novinho (7 meses!) e ainda adora um colo, mas já passa muito bem sem ele também. Fica uns bons minutos no colchão e no chão do quarto brincando e se arrastando. Fica bem na cadeirinha na mesa enquanto preparo a comida. E para o meu desespero, fica bem no colo de outras pessoas. rs... Ainda mais de uns tempos para cá que aprendeu a pedir colo, se joga e estica os bracinhos quando quer ir para outro colo. Também aprendeu a dizer não! Quando alguém convida ele para o colo vira o corpinho ou encolhe os bracinhos quando não quer mudar. E isso acontece até para mim.<br />
Saber mostrar o que quer, quem quer, saber se entreter um sozinho e saber mostrar o que não quer. Para mim isso é muita independência para um menininho de 7 meses! Mais do que eu esperaria com essa idade, então, não meu filho não é mal acostumado. Ele é sim muito amado e sabe disso.<br />
Nem toda criança criada com apego é assim, outras são mais independentes, outras menos. Vai muito da personalidade de cada uma, afinal, são seres únicos e maravilhosos. E temos de respeitar isso.<br />
O que nos leva há outro ponto essencial da Criação com Apego, o respeito. Respeito pela criança como indivíduo único, pelo seu tempo, pelos seus sentimentos, pelas suas necessidades. Ninguém pede o que não precisa, se uma criança chora para ter colo, ela precisa disso.Você negaria abraço para um amigo triste? Eu não.<br />
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<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-38773743573964166852012-05-19T12:58:00.001-03:002012-05-19T12:58:47.867-03:00Coração de mãe também é de mulher<div><p>Quando meu filho nasceu não deixou espaço para muita coisa no meu coração, era por esse amor que ele batia. <br>
Eu demorei para perceber isso e não está sendo de um jeito fácil. A vida me jogou para lá e para cá, e o peito que só batia de amor hoje chora de luto. <br>
E uma amiga, sabiamente me contou, no peito em luto sobra pouco espaço para o amor.<br>
Não, não que o amor não esteja aqui, ele está. Quietinho, escondido atrás do luto para não se machucar. Esperando a hora de me dar as mãos de novo.<br>
E eu vou tendo de arranjar um jeito de lembrar como se faz para chorar de amor até esgotar as lágrimas e poder finalmente renascer. Porque eu esqueci que eu sou mais do mãe. Tenho para mim que na verdade eu não queria ser mais que isso, e talvez por isso a vida tenha vindo me cobrar ser mais inteira. Mais eu. Mas não é fácil, não é.<br>
Fazer isso sozinha dói, e doeria se fosse junto do mesmo jeito. Talvez eu tenha que aceitar que não, Benjamin não quer uma mãe que se resuma a isso, ele não quer. <br>
Mas o processo de me encontrar machuca meu pequeno, eu sei. Porque parte do meu coração é dele, como libertá-lo da dor que é minha só minha. Como encontrar o equilíbrio da minha doação? Como?<br>
   </p>
</div>Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-8528911537902437292012-04-07T23:40:00.001-03:002012-04-07T23:40:28.351-03:00Ninar, ah, ninar!Fazer o Benjamin dormir está na minha lista de <i>Coisas que eu amo fazer </i>e também no topo da <i>Coisas que eu odeio fazer. </i>É, é sim, é muito contraditória essa tal de maternidade.<br />
Eu AMO pegar aquele serzinho no colo, normalmente mamando, cantar para ele, embalá-lo, ver os olhinhos fechando, devagarzinho. E sentir o corpinho ficando mais pesado, ficando mais molinho. Para mim é a melhor representação da segurança e da confiança que ele tem em mim, se entregando para o sono no meu colo. Sinto uma paz enorme com isso, minha respiração fica mais tranquila e eu fico tentando registrar esses momentos para sempre, para nunca esquecer.<br />
Mas e quando os olhinhos demoram para fechar? Quando o pequeno decide me empurrar e tentar se levantar no colo? Quando eu tive aquele dia super conturbado e só quero me jogar no sofá? Quando até consigo fazê-lo dormir, mas é colocar na cama, sair do quarto e aquele chorinho vir?<br />
E não tem jeito, é um ciclo. Se eu não relaxo, o Benjamin não relaxa e não dorme mesmo. Quanto mais rápido eu quero que ele durma, menos seguro ele se sente. Suspiro, tento me acalmar e lá vamos nós começar tudo de novo.<br />
Tem dias que acabo dormindo junto mesmo. Nino até ele se acalmar (tem dias que nem precisa, só deitar e ele fica tranquilo), deito com ele mamando na cama e nós dois capotamos de sono.<br />
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E eu sei, que vai chegar um dia, em que ele vai me dar boa noite, se enfiar debaixo das cobertas e eu vou sentir tanta falta daqueles olhinhos fechando, do corpinho ficando pesado no meu colo...Filho, demora bastante para crescer, tá?<br />
<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-47861221659615566742012-04-03T00:23:00.001-03:002012-04-03T00:23:33.672-03:00Do meu nascimentoMeio ano de Benjamin e tudo de bom foi dito pra ele. Só me sobrou esse post no peito, de dores que não sei se são ilusões, projeções ou se são minhas mesmo.<br />
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As sensações vem e não sei se são reais. Sinto a dor de ser arrancada do meu mundo, a falta de cuidado do toque que até então eu nem conhecia. Não era meu tempo, eu não queria sair, eu não sabia que ia sair. Não me consultaram, só me arrancaram de lá, do único lugar que eu conhecia. No lugar do conforto, da segurança e da proteção só ficou essa saudade de não sei o que, essa sensação de não ser daqui, <b>de não ser de lugar nenhum.</b><br />
E eu me vi sozinha, em um mundo que não me pertencia, havia silêncio e escuridão. Talvez houvessem barulhos, talvez houvesse luz, mas meus ouvidos não estavam prontos e meus olhos não encontraram os dela. Tudo doía, o que era aquilo tudo? Onde estava o <b>conforto do líquido</b>? A proteção e o calor do meu mundo? Chorei sozinha em lugar nenhum, era a única coisa que me restava e não resolvia. Chorei até que meus pulmões, inacabados, não aguentassem e dormi. No sono havia conforto. No sono eu podia sonhar que estava no meu mundo. E<b> é no sono que encontro a saída</b> até hoje, é para lá que fujo.<br />
Não havia calor, não havia vida, eu caia no vazio e ninguém me protegia. E o toque que não tive hoje se reflete no<b> pavor de ser tocada</b>, não me toque, não encoste.<br />
Eu sentia a sua solidão, era tão grande ou maior que a minha, ela queria a cria, ela queria. Mas não podia querer, não era o certo, não era. Os homens de branco é que sabiam, era eles que decidiam. Seu querer não cabia lá. Porque não traziam sua filha? Não, ela não podia pedir, quem dirá exigir. Aquele sentimento estava errado, inapropriado. Se calava frente aos onisciência do jaleco.<br />
Não era seguro ali, ela fingia para si, escondia seus 'erros' dos outros. Tentava se encaixar, se ajustar, mas não podia esconder de mim. O medo, a insegurança, tudo que ela escondia dos outros, as sombras recaiam em mim.<br />
E eu chorava entre os desmaios de sono, meu choro não era ouvido. De que adiantava chorar? Eu dormia. De que adianta acordar? E nos meus sonhos <b>eu mergulhava em uma piscina profunda</b>, o tempo e o espaço se suspendiam,<b> um salto de fé no líquido</b>. É para lá que eu vou ainda, quando a cabeça funde.<br />
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Hoje devia ser dia de festa. Mas meu peito decidiu me lembrar de dores que nem sei se existem, e eu decidi acalentar o bebê em mim.<br />
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<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-77444434974645382382012-03-22T13:57:00.003-03:002012-03-22T14:04:39.550-03:00Estimular ou não?Em uma das listas que participo surgiu a questão do estímulo e do ensinar habilidades motoras para os pequenos, como virar, rolar. Chegaram ao consenso que não é preciso nada disso, que a própria imitação e desejo da criança a impulsiona a esses movimentos. Estimulada ou não, ela fará.<br />
Depois, pensando mais sobre a questão, lembrei de quando Benjamin estava aprendendo a virar de bruços. Nem sempre ele conseguia, então nós o ajudávamos. E ele ficava muito feliz de ficar de bruços mesmo quando havia um empurrãozinho.<br />
Meu marido aproveitava a felicidade do pequeno e ficava de bruços do lado também, imitando Benjamin e brincava com ele assim até enjoar. Um dia, no meio da brincadeira, Alex (meu marido), tentou mostrar para o nosso filho como se arrastar, ele mexia os braços e as pernas, sem sair do lugar. Benjamin ria muito, não tentava imitar, mas adorava. Ríamos todos, não pretendíamos que o pequeno se arrastasse, era um estímulo, um incentivo, mas a intenção principal era o riso, a diversão, o prazer de estar junto.<br />
Lembrando dessa cena, percebi que sim houve estímulo, não sei se ajudou no desenvolvimento do pequeno para que hoje ele já se arraste, mas acredito que de alguma forma deve ter sim, nem que seja aumentando a felicidade do nosso Benjamin.<br />
A questão é que não foi um exercício pensado, planejado, com hora marcada e aquela obrigação de tarefa, foi um momento gostoso em família. Foi um estímulo espontâneo, foi uma brincadeira, foi prazer.<br />
E é assim que eu gostaria que fosse todos os aprendizados do nosso pequeno, cheio de risada e felicidade. Pelo prazer de se desenvolver, e não pela obrigação. Sem neuras se ele não fizer o que nós achamos que ele "deveria", porque o tempo é dele, a aprendizagem é dele, nós estamos aqui para apoiar, incentivar.<br />
É assim que eu acredito que deva ser todo aprendizado, porque para aprender "quebrando a cara" já temos a vida como professora.<br />
<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-15781530167641748822012-03-20T15:31:00.001-03:002012-03-20T15:31:28.251-03:00CartaFilho, hoje eu decidi te escrever. Já tentei conversar, te falar tudo que eu quero e preciso, mas a mamãe sempre foi melhor com as palavras visíveis, preciso vê-las para coordená-las. Isso é uma das coisas que têm mudado com a sua chegada, tenho falado muito mais, tentando aprimorar as palavras ditas, mas hoje, eu preciso recorrer a escrita novamente.<br />
Sei que estamos passando por uma fase difícil, a mamãe está perdida em si, em todas as funções que preciso, e perdida de mim, me perco de você. E perdidos, não conseguimos nos entender. Por sorte, filho, você é maravilhoso, e sempre traz aquela gargalhada gostosa e o sorriso faceiro que me ajudam a voltar para nós, para mim, para você... mas eu acabo me perdendo de novo.<br />
A mamãe está tentando consertar tudo isso, tentando organizar dentro e fora para me encontrar com você. Mas não é uma tarefa fácil, filho. E pelo pouco que sei, penso que é tarefa para vida inteira, voltiemeia terei de refazer isso, e vai chegar uma hora, quando você crescer, dominar as palavras e encontrar seu eu, que você também terá de fazer isso.<br />Sei que não há desculpa no mundo que justifique isso tudo, mas mesmo assim, preciso te dizer a origem de tanta desorientação da minha parte. É o cansaço, meu amor. É a bagunça, do meu peito, da minha cabeça, da nossa casa. Tem tanta coisa aqui dentro, filho. E, sabe, a mamãe está longe, muito longe de ser perfeita, de dar conta de tudo. Não sou, nem pretendo ser, super mulher, daquelas que dá conta de tudo.<br />
Mamãe não quer isso, não, filho, porque eu sei que não dou conta. Penso que nem quero tentar dar conta, não consigo imaginar minha vida assim. Ou melhor, até consigo, mas imagino uma vida onde muita coisa realmente importante fica de lado para termos uma casa que brilha e reluz. Minha sanidade, nosso relacionamento, minha calma...<br />
Eu prefiro deixar o que dá de lado e me concentrar em você, me concentrar em mim. Vai ver que eu sou mesmo é preguiçosa como sempre ouvi de todo mundo... será?<br />
Esse momento da minha vida está realmente confuso e contraditório, porque ao mesmo tempo que sou muito feliz por ter a benção do seu sorriso na minha vida, me sinto infeliz com os rumos da vida no geral. Ao mesmo tempo que tenho você, não tenho direito de ficar ao seu lado.<br />
Às vezes sinto que essa distância até faz bem para nós dois, mas páro e repenso, e sinto que isso é só uma forma de fugir da minha responsabilidade de mãe.<br />
Sabe, filho, a mamãe lutou muito para conseguir te dar um nascimento tranquilo e ter um parto único. Foi a grana, foi convencer seu pai, foi convencer a mim mesma, foi encontrar a solução... parecia utopia, mas um dia você estava lá, nos meus braços, na nossa casa, depois de algumas horas de trabalho de parto.<br />
Naquele dia e depois, senti que eu era capaz de tudo. De tudo que eu quisesse com o coração.<br />
Então, por que não consigo ficar com você? Será que é falta de querer? Será que meu querer não é o suficientemente forte como foi com o parto? Será que não é de coração? Será que eu tenho tanto medo assim de me perder na maternidade que fujo dessa possibilidade? Será que é a vontade de me afastar que me proibi de me sentir bem longe de você?Será que tenho medo de você achar que eu não te amo se me permito ficar longe?<br />
Digo e repito que vou trabalhar fora porque preciso, porque é necessário (e é). Mas alguma coisa aqui dentro diz que eu posso mudar, mas eu não sei como. Eu não sei para onde ir. Eu não sei o que fazer.<br />
E agora, me percebo com medo de ficar sozinha com você, às vezes. Me pego sem saber o que fazer com você no meu colo. Como te entreter? E esse aperto no peito?<br />
Por sorte, ainda consigo me sentir ligada a você, quando brincamos e ouço sua gargalhada. Quando seus olhos encontram o meu e isso é tudo que importa.<br />
Mamãe tem medo, filho. Medo demais, de nem sei o quê. E eu sei que a única que pode me salvar desse medo sou eu mesma...<br />
<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-16195343528336468432012-03-07T22:50:00.001-03:002012-03-07T22:50:34.877-03:00...<br />
e eu continuo tentando encontrar minhas peças, reorganizá-las de um jeito que agrade essas minhas novas perspectivas...<br />
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...no meio disso tudo tenho de administrar o trabalho, para qual retornei, a casa, que não consigo limpar e organizar...<br />
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...é possível?<br />
<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-4417950336177852852012-01-28T17:09:00.001-02:002012-01-28T17:09:13.476-02:00O primeiro carinho<br />
Acordo com o choro de Benjamin, nem sei se é madrugada ou de manhã. Quer mamar, o puxo para perto, ele mama. Eu fecho os olhos de novo e acordo com mãozinhas desajeitadas tocando meu rosto. Aqueles olhos enormes me encarando, como quando no primeiro minuto de vida. Lembro de como ele tem o dom de sorrir só com os olhos, com aquele brilho que me faz querer chorar.<br />
As mãozinhas descoordenadas continuam tentando pegar meu rosto. Entendo a curiosidade dele com meu rosto como carinho, às vezes ele tenta pegar a pele e belisca, fico feliz por ter cortado as unhas dele no dia anterior e isso deixa o beliscão menos dolorido. Às vezes é um tapa leve<br />
É meu pequeno aprendendo a descobrir o mundo com o toque e a dor é pequena demais diante da delícia de sentir suas mãozinhas. Sorrio para ele, retribuo o carinho tentando mostrar o quão gostoso é. Ele sorri. O sorriso banguela mais lindo do mundo.<br />
Beijo e abraço aquele serzinho tão pequeno e já tão grande. O sorriso aumenta, se torna riso. E eu só queria parar o tempo nesse momento.<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-63040292074494584932012-01-24T11:04:00.003-02:002012-01-24T11:04:44.261-02:00Bebê "estragado"<br />
Desde que o Benjamin nasceu ouço sobre o colo "estragar", sobre deixar mal acostumado. Inclusive, de uma pediatra.<br />
Antes de engravidar eu também pensava assim, ou melhor, não pensava, só concordava com o senso comum. Mas desde os primeiros meses da gravidez eu já percebi o quanto o simples toque me trazia bem estar, conforto, segurança. Depois encontrei textos defendendo o máximo de carinho e aquilo fazia muito mais sentido.<br />
Quando peguei a primeira vez meu bebê, assim que ele nasceu, e aqueles olhinhos arregalados olharam direto para os meus, todo meu instinto gritou que eu precisava protegê-lo, que ele tinha de estar o máximo possível perto de mim. Era difícil soltá-lo para colocar longe de mim, por isso, ficava no carrinho sempre com alguém perto.<br />
O máximo de distância que já consegui dele foi em cômodos da casa, nos primeiros dias, só quando sabia que alguém ficaria com ele para eu descansar. Ou ele ia para cama dormir comigo.<br />
Depois disso a cama compartilhada também não foi decisão difícil, nem muito pensada. Também já tinha lido um pouco sobre e tê-lo ao meu lado ao dormir me permitia um descanso maior.<br />
No começo, ele chorava e eu sentava para dar mamar. Hoje, com quase três meses, nem levanto mais, mal percebo quando acordamos para mamar (que são poucas vezes), logo já estamos dormindo de novo.<br />
Escolhi tudo inverso do que acreditava antes de engravidar, li muito e agora aplico tudo que vai de encontro ao meu coração.<br />
Pelo senso comum, meu filho deveria ser "mal acostumado", super dependente, só querer colo e todas essas bobagens que ouvimos.<br />
Sabe o que é mais engraçado? Eu esperava que ele realmente fosse assim, que quisesse colo 24h por dia, que não conseguisse ficar sem ninguém perto. Afinal, ele é um bebê, é a criatura mais dependente que existe, ora essa. Depende de mim para o alimento, para a higiene, para dormir. O que eu deveria esperar de um serzinho que não sabe falar nem se locomover?<br />
Mesmo assim o pequeno não costuma se incomodar de ficar sozinho por alguns minutos na cama, no carrinho ou no berço, para eu preparar o banho ou atender a porta. Segundo a ilustríssima pediatra isso é porque sabe que logo alguém vai pegá-lo. E isso é ruim? Ora, se ele tem essa segurança, se sabe que é cuidado e sempre terá um colo quentinho para acolhê-lo, eu fico é muito feliz, obrigada.<br />
Mas não é que Benjamin me suspreendeu ainda mais? Em uma noite dessas, no colo da pai, começou a tentar pegar os brinquedos. Logo em seguida, quando o deixei sobre a cama para pegar a fralda, o encontrei tentando pegar uma sacola que estava perto.<br />
E já no dia seguinte, quando eu e o pai dele precisávamos limpar a casa e preparar a ceia de Natal, ele acordou bem no meio do processo. Minha sugestão foi deixá-lo no carrinho e ir falando com ele enquanto fazíamos o que precisássemos, o pai decidiu deixar os brinquedinhos de carrinho perto dele. E não é que ele ficou um bom tempo brincando com os ursinhos barulhentos, tentava pegá-los e eles faziam barulho, adorou! Nem ligava quando iámos falar com ele, olhos fixos nos ursinhos.<br />
È, meu menino está crescendo, e que sorte que eu aproveito bastante para tê-lo no meu colo, já que daqui um tempo não só ele não caberá mais no meu colo como dificilmente irá querer.<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-85237706667845482512012-01-02T09:42:00.000-02:002012-01-02T09:42:13.296-02:00Três meses de Benjamin<br />
Hoje o pequeno completa os tais três meses e a única coisa que consigo pensar é que foi muito mais maravilhoso e tranquilo do que imaginei que pudesse ser.<br />
Pode ter sido meu medo do pós-parto e do primeiro trimestre, tinha expectativas de que fosse bem complicado, de ficar muito nervosa e não dar conta. Foi tanto receio que quando encarei a situação me pareceu calma.<br />
Todos os receios <a href="http://depoisdebenjamin.blogspot.com/2011/09/benjamin-esta-chegando.html">daqui </a>me acompanharam até o dia do nascimento e, nele, se dissiparam. No trabalho de parto todas as minhas ansiedades decidiram tirar uma folga e encontrei uma calma que parecia nem me pertencer. Uma calma que ainda tem me acompanhado nessa jornada mamífera e espero que continue para sempre.<br />
Vez ou outra ela some, quando o pequeno chora aquele choro doído, normalmente pela falta de sono. Ou quando é a mim que o sono incomoda e ele quer é farra. Respiro fundo, às vezes entre lágrimas cansadas e corro atrás dela. Mas tento não me culpar quando a paciência se esgota e converso com Benjamin sobre isso, sobre o meu cansaço. Vou buscando opções que agradem a nós dois.<br />
Aliás, converso com ele sobre tudo e isso me ajuda a manter o foco, a me acalmar e acalmá-lo.<br />
Falando em calma, foi assim que Benjamin nasceu: calmo. Não chorou a principio, e veio logo para os meus braços, e logo que olhei aqueles olhinhos enormes encontrando os meus foi paixão a primeira vista.<br />
Paixão mesmo, daquelas que arrebatam a gente, de não conseguir parar de pensar, nem ficar longe, de acelerar o coração e não deixar o sorriso ir embora. Queria que todos viessem logo conhecer aquele serzinho pequeninho que foi capaz de trazer um sentimento tão forte.<br />
Esse sentimento foi se diluindo em um amor mais sereno, ainda maior, e quando me pego olhando aquela criaturinha dormindo ou brincando, dá vontade de chorar de felicidade. Uma felicidade que é muito maior que eu, que tudo. E a cada dia o amor aumenta, a cada olhar, a cada toque, a cada descoberta do Benjamin eu descubro que meu amor consegue ser maior ainda.<br />
Na contramão de tanta felicidade sinto-me despedaçada. Sempre lia nos relatos como as mulheres renasciam mães, que a transformação era ali naquele momento. Percebo hoje que sempre acreditei que fosse instantâneo, mas não é, não para mim pelo menos.<br />
A mãe calma nasceu sim naquele dia, mas me partiu em pedacinhos e sempre que olho para dentro encaro uma bagunça de partes de mim que tento remontar como um quebra-cabeça. A filha, a irmã, a profissional, a mulher, a menina, a amiga, a madrinha, a namorada/esposa... todas as peças misturada e eu aqui sem saber como me remontar.<br />
E sabe? É estranho sim, é até dolorido me encontrar assim, partida. Mas é gostoso também, é como ir me reconhecendo. Talvez eu tenha sim renascido junto com Benjamin instantaneamente, o problema é que a consciência desse arranjo novo vai demorar, encontrar onde cada peça está não vai ser fácil, talvez seja daquelas tarefas eternas. Pode ser que quando estiver colocando a última peça, tudo decida se remodelar de novo.<br />
E agora, eu tenho mais um companheiro, que ainda nem sabe falar, mas já sabe mostrar o que quer. E que tem o combustível que eu preciso em cada olhar, em cada sorriso.<br />
Enquanto o Benjamin descobre o mundo, eu descubro a mim e a ele. E essa jornada que acaba de completar três meses é deliciosa, e por mim, pode continuar sem fim.<br />
<br />
Feliz "meservário", filho.<br />
<div>
<br /></div>Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-51344885709890765502011-12-18T02:23:00.000-02:002011-12-18T02:26:58.597-02:00O blues do baby...Encontrei o texto abaixo nos meus rascunhos, escrevi nas primeiras semanas do Benjamin, durante um <i>baby blues</i> talvez. Pensei em descartar, mas acho que a parte cinza, o <i>blues </i>do <i>baby</i>, não pode ser desconsiderado. Acho que ignorar e guardar esses sentimentos é o que faz com que projetemos uma maternidade rosa, o que torna o lado obscuro ainda mais dolorido e complicado. Tudo tem dois lados, e com a maternidade não é diferente. Que aprendamos também com as sombras...<br />
<blockquote class="tr_bq">
Solidão. Acho que essa é a palavra que melhor define meu puerpério. Existem tantas outras coisas envolvidas, como felicidade, sorrisos, lágrimas, aprendizagem... Mas é a solidão que tem dado o tom. O silêncio da casa vazia, só eu e Benjamin. Ligo a tv pra ouvir outras vozes além da minha, e para encobrir as vozes dos vizinhos com suas casas cheias de gente. Tento fugir da solidão também pelo mundo virtual, mas talvez eu devesse fazer o caminho inverso. Ir para solidao, me afundar nela. Quem sabe...</blockquote>Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com0Taubaté - São Paulo, Brasil-23.0309385 -45.5483236-23.264747500000002 -45.864180600000005 -22.7971295 -45.2324666tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-37276779221572315282011-12-18T01:53:00.000-02:002011-12-18T01:55:13.396-02:00Relato de Parto – Benjamin – 2 de outubro (39 semanas completas)<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
No sábado, dia primeiro de outubro, fomos para o
centro comprar algumas coisinhas que faltavam (e nem compramos tudo), eu já
estava naquele estado de urgência de deixar tudo arrumadinho, mesmo sabendo que
podia demorar quase um mês ainda, mais três semanas até completar 42, quem sabe
até mais.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Durante as compras, respondi algumas vezes a
pergunta tradicional “É para quando?” com o meu também já tradicional “Qualquer
momento. Pode ser agora, ou para daqui três semanas. Agora é só esperar o
menino decidir”. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Foi por essas compras da manhã que achei que as
dores nas costas acompanhadas de contrações a tarde eram só cansaço. Achei que
eram as Braxton que me visitavam diariamente. O estranho mesmo era que primeiro
vinha a dor nas costas e depois as contrações, por isso, ainda nem tenho
certeza se eram mesmo contrações reais. Dormi um pouco durante a tarde para ver
se elas acalmavam. Acalmaram, não era o dia ainda.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Queríamos ir para algum lugar no domingo e o Alex
queria ligar para os amigos para marcarmos uma ida até uma cachoeira. Eu queria
visitar Oxum, senhora das águas doces, antes do pequeno chegar, já fazia um
tempo que queria isso. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Reclamei mais de uma vez com o Alex de acabar com o
crédito nos celulares (o meu e o dele – Fala muito! rs), e se precisássemos
ligar para a Patrícia (enfermeira obstetra) de madrugada? Ele ignorou essa
possibilidade e não deixou quase nada de crédito.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Quando fomos dormir já era tarde, não lembro
exatamente a hora. Como acontecia na maioria das noites de barrigão acordei de
madrugada, parecendo que não tinha dormido nada. Além da costumeira vontade de
fazer xixi, sentia também dor de barriga. Fui no banheiro e só consegui fazer
umas gotinhas, mas a vontade continuava, senti medo de ser a infecção de urina voltando.
Fiquei um pouco no banheiro, quase dormindo, depois voltei para cama. Mal
fechei os olhos e abri de novo, a dor tinha voltado.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Acho que foram umas três ou quatro idas ao banheiro
com a tal dor de barriga. Quando tentava deitar, além da dor de barriga vinha
uma nas costas que me impedia de ficar deitada.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Com tanto vai e volta, o sono já tinha sumido e eu
vi a hora, umas 4 horas da manhã. Até pensei que podia ser trabalho de parto,
mas pensei que era minha ansiedade falando mais alto. Não era, mais uma ida ao
banheiro e o tampão mucoso tinha começado a sair. Era trabalho de parto. Fiquei
tão feliz!</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Benjamin ia mesmo chegar, tentei não pensar no
tempo que isso ia levar, porque podia ser logo ou não. Lembrei do que sempre lia nos relatos: tentar
dormir para encarar descansada todo o processo. Fui para cama e acordei o Alex:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
“Lembra das aulas sobre o parto e tudo mais?”</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
“Uhum” – mais dormindo que acordado.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
“Sabe o tampão mucoso?”</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
“Uhum”</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
“Então, saiu. Mas é só para você saber, volta a
dormir que vai demorar ainda”</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Ele diz que não conseguiu dormir mais, mas eu tenho
certeza que ele cochilou bastantinho ainda rs. Tentei dormir também, mas
deitada a dor era muito ruim, eu me contorcia, sentia vontade de chorar, gemia.
Impossível ficar deitada. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Levantei e quando vinham as contrações eu me
apoiava nos móveis, ficava de cócoras e jogava o peso do corpo. Elas estavam
irregulares, às vezes 10 minutos, às vezes 15, às vezes duravam 30 segundos, as
vezes 40. Eu anotava a hora delas em um papel e o tempo que duravam.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Percebi que eu estava tensionando todo o corpo a
cada contração, e lembrei da Flávia dizendo que era justamente o que não devia
fazer, já que piorava a dor e depois, ficava toda dolorida. Tentei soltar o
corpo, me entregar as sensações, tinha que me concentrar para fazer isso.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Lembrei do que a Patrícia e a Flávia (doula) tinham
dito para ter certeza que era mesmo o trabalho de parto e contrações, entrar no
chuveiro quente e ficar por lá mais de uma hora. Fiz isso, e foi um alívio, a
água caindo nas costas ajudava e acho que espaçou um pouco as contrações, mas
elas não paravam.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Fiquei no chuveiro até não agüentar mais a água e
vesti um vestido coral que, depois, minha irmã contou que era a cor de Iansã,
orixá guerreira, que estávamos falando sobre no dia anterior. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Mandei uma mensagem para minha irmã se preparar que
o Benjamin estava chegando. Ela iria ficar em casa para fazer comida e ajudar
na parte prática da coisa</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Passei o resto do tempo andando pela casa e usando
a bola suíça (aquela de pilates). As dores eram tranquilas quando eu ficava em
movimento, na maioria até conseguia falar e pensar em outras coisas, eu que
decidia prestar atenção nelas, sentir cada uma delas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Umas seis horas o Alex levantou, quando ele viu o
papel com a anotação das contrações levou um susto, viu que fazia algumas horas
que tinha começado e perguntou se ia dar tempo das enfermeiras chegarem ou se
ele que ia ter que fazer o parto. Eu ri e lembrei que o processo era demorado,
que podia nascer só na segunda.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Ele ia pegar minha irmã, comprar o que ainda faltava
(absorvente para mim, plástico para cama, álcool 70% coisas assim), na padaria
e no supermercado, porque não tínhamos praticamente nada em casa. Por isso ele
ficou praticamente toda manhã fora.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Nisso, as contrações já tinham se tornado menos
espaçadas, cerca de cinco minutos, mas a duração continuava irregular. Liguei
para a Patrícia e falei o que estava acontecendo e a contagem de contrações,
perguntei se podia ser alarme falso e ela disse que já estava indo para minha
casa. Ah, e o crédito acabou no meio da ligação! rsrs</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Eu continuei andando pela casa, usando a bola. Logo
o Alex deixou minha irmã que, se não me engano, foi lavar as fraldinhas de pano
que tínhamos comprado no dia anterior. Lembro de ter comentado com ela e que ia
ser desanimador se eu não tivesse dilatação ou tivesse muito pouco, mesmo não
tendo muita dor e estando tranqüilo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A Patrícia e a Flávia vieram de São José dos Campos
e chegaram lá pelas 8h. Pouco depois de chegarem, a Patrícia já fez o toque e
ouviu o coraçãozinho do Benjamin. Depois de ouvir os batimentos, ela perguntou
se eu tinha comido e como não tinha, mandou que eu comesse de preferência um
chocolate. Na hora não me toquei, mas agora acredito que o batimento devia
estar meio baixo. Mas quando fez o toque, foi um susto bom, eu já estava com
cerca de 8 cm de dilatação! Até as duas se assustaram porque eu estava bem
tranqüila. E o bebê já estava encaixado e baixo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Logo em seguida o Alex chegou da padaria e eu comi
qualquer coisa sem muita vontade. A Flávia então me mandou ir para o chuveiro
relaxar, que isso iria acelerar o processo. Enquanto isso o povo corria para
encher a banheira. Era meio estranho ver todo mundo trabalhando e correndo
enquanto eu não podia fazer muito mais que esperar e me concentrar no processo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O cansaço começou a bater e tentei dormir encostada
na bola, enquanto isso a Patrícia massageava uma parte das minhas costas que
estava inchada, a área do osso sacro se não me engano. Não consegui dormir, mas
deu para descansar um pouco, consegui me voltar um pouco para dentro, encontrar
silêncio.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Em algum momento me perguntaram sobre a bolsa, se
tinha estourado, e eu disse que achava que não.
Contaram que era possível nascer sem estourar, mas que elas nunca tinham
visto, só ouvido falar. Chamava nascer empelicado. Minha irmã me lembrou que
naquela semana tinha comentado comigo sobre isso de um livro de História que
tinha lido, que na Itália quem nascia dessa forma era considerado um ‘benandanti’*<span style="color: red;"> </span>e combatia os<span style="color: red;"> </span>‘malandantis’*<span style="color: red;"> </span>através de viagem astral (tem uma foto da minha cara
quando ela me lembrou disso e eu falei algo como “É?” rsrs). Pensei que seria
uma bonita coisa para contar para o Benjamin se ele nascesse dessa forma.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI7bH-_qjv48iB9c3uGJ1mGhqoLxujTIpoomCey-AUGpBrJuCk-ZmChrksP93dXLjEFSdMOyYG32xz2PS6jacjvliQ08BQ9aSEkJtpq9o42jwr68k3h2lDAqOE7oPqNB5GrXOurMQgtXA/s1600/DSC09620.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI7bH-_qjv48iB9c3uGJ1mGhqoLxujTIpoomCey-AUGpBrJuCk-ZmChrksP93dXLjEFSdMOyYG32xz2PS6jacjvliQ08BQ9aSEkJtpq9o42jwr68k3h2lDAqOE7oPqNB5GrXOurMQgtXA/s200/DSC09620.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Descansando entre as contrações.<br />
Com carinho da Flávia, Patrícia e Alex.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Depois de muito trabalho duro de todos, a banheira
estava cheia, e as dores tinham começado a piorar. Quando entrei na água a
contração seguinte foi bem mais leve, o calor e o líquido ajudaram bastante e
consegui relaxar um pouco mais na água. Eu ainda conseguia conversar entre as
contrações. E sem mais panelas de água para levar o Alex se concentrou em
organizar as músicas que eu tinha separado para o parto. Zeca Baleiro, Alceu
Valença, Dona Zica, Lenine e Faun.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
As dores voltaram a piorar, e pensando agora,
imagino que se estivesse fora da água seriam bem piores. O Alex ficou na borda
e quando vinha uma muito forte eu me apoiava nele, quando passava eu
aproveitava para respirar, descansar e pensar no bebê que estava por vir.
Durante as contrações eu ia mudando de posição até encontrar uma que diminuísse
a dor, e fazia as respirações que a Flávia ensinou nas aulas. Quando veio uma
mais forte, a respiração ficou mais forte e minha irmã disse “Grita aí”, e eu
gritei. Gritei alto, forte e esqueci da dor (Alex deve ter ficado surdo por uns
dias, foi bem na orelha dele). Parava para respirar e a dor voltava, era
preciso gritar.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSg92qgR0gWmHyWsHPxbXGbUNxdSZ9TNxQtmTdq24ODl3fdTFIRQPrLxe9VrG8ZuHx9aNFzVnrK16kHSvux1_o8rG5wREOB6xCPKRiKpm9IYR9eACZsEFC1oTxIBsFWmGtlnFOx0dnNW0/s1600/DSC09638.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSg92qgR0gWmHyWsHPxbXGbUNxdSZ9TNxQtmTdq24ODl3fdTFIRQPrLxe9VrG8ZuHx9aNFzVnrK16kHSvux1_o8rG5wREOB6xCPKRiKpm9IYR9eACZsEFC1oTxIBsFWmGtlnFOx0dnNW0/s200/DSC09638.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mais descanso. Mais carinho.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Gritei tanto que os vizinhos vieram ver se estava
tudo bem, tínhamos nos mudado a pouco tempo e nem os conhecíamos. Era domingo
hora do almoço... rsrs. Minha irmã atendeu a porta e disse que estava tudo bem.
Achei que eles iam chamar a polícia e consegui rir.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A cada contração eu tentava lembrar que elas me
trariam meu filho, pensava no meu corpo se abrindo, no meu filho chegando...
tudo que me ensinaram, que aprendi, que li. Até que comecei a sentir vontade de
fazer força, de empurrar, mas não sabia se podia, tinha medo de fazer força
antes da hora, medo dessa vontade ser só de que tudo acabasse logo, queria
dormir.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Perguntei quando podia fazer força e a Patrícia e a
Flávia responderam que assim que eu sentisse vontade. Então, quando a vontade vinha,
fazia força, empurrava, mas tentava me concentrar para só fazer isso quando a
vontade fosse do meu corpo e não impulso do meu cansaço. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Eu podia sentir meu filho descendo pelo canal, era
uma sensação estranha e boa, me dizia que estava acabando. Coloquei a mão e
pude sentir, estava longe. Me perguntaram se o que eu sentia era meio liso,
era. Era a bolsa, ela não tinha estourado ainda.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Não sei quanto tempo durou esse período, mas sempre
que a contração passava eu tocava para ver onde estava a cabeça do Benjamin, às
vezes estava bem baixa e eu me animava achando que ia acabar logo, mas na
contração seguinte subia um pouco e eu me perguntava se ele ia mesmo nascer.
Parecia que nunca ia acabar, ele subiu e desceu algumas vezes. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A Kátia chegou já nesse finalzinho e trouxe uma
energia boa que se uniu a de todos os outros que já estavam lá. Eu achei que
não tinha conseguido me desligar durante o processo até comentei isso com a
Flávia dias depois, eu queria ter ido a partolândia, mas minha consciência sempre
esteve ali. Mas repensando hoje vejo que minha consciência estava mesmo ali,
mas ali em mim e no meu filho, e não ao redor. E isso só foi possível por
aquela energia, pelo silêncio respeitoso, pela paciência, pela confiança...</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Eu perguntei o que acho que todas nós devemos
pensar em algum momento “Ele vai mesmo nascer? E se não nascer?”. Eu estava
cansada, meu filho parecia estar tão perto em uma contração, mas na próxima se
afastava. Não sei exatamente se isso era para ser assim ou se fui eu que atrasei
o processo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Em um dos intervalos das contrações a Patrícia
tentou auscultar o coraçãozinho do pequeno, mas a minha posição (sentada com a
perna dobrada para trás), não permitia e fiquei de pé para ver se melhorava
para ela. Pareceu que era aquilo que faltava, que eu me levantasse. Antes que
ela conseguisse encontrar o coração veio uma contração, forte. Fiz força e ele
desceu. O círculo de fogo! Como doía aquilo, eu queria chorar, o Alex segurava
minhas mãos e eu gemia de dor.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Benjamin coroou, eu não vi na hora, mas nas fotos
deu para ver a bolsa d’agua, era meio verde e soube que isso era um pouco de
mecônio. Soube depois também que o Alex se preocupou com isso porque não tinha
ouvido quando falaram sobre. Acho que foram mais duas ou três contrações depois
disso, que ele nasceu por inteiro, a cabeça desceu e ao passar o ombro a bolsa
estourou. A Patrícia teve que ser rápida para ele não cair na água. rsrs</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Esses últimos minutos foram os mais doloridos, mas
passaram rápido e logo aquele serzinho pequeno já tinha nascido. Me sentei na
banheira e ele veio para os meus braços, nasceu sem chorar, mas com os olhos
muito abertos e vivos e olhou direto para os meus olhos. Era lindo, perfeito! </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Ele chorou logo em seguida de frio, enquanto eu
pingava de calor. Quando me levantei da banheira saiu muito sangue o que
preocupou mais uma vez o Alex e um pouco a mim, mas a equipe disse que era
normal e eu me sentia bem, só cansada.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDZTAAWhvocJudDPZdOb5O53A7BitYfkq9kI2KiOjPmP0AO0-HYu-GTspb7nON40_ht6a29OsfkuHuc-H0kzIUkoielAuXr0d8IpvyMe_kifAABOUumpi8vm983lt1jDhX0MTE4cdZlk0/s1600/DSC09687.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDZTAAWhvocJudDPZdOb5O53A7BitYfkq9kI2KiOjPmP0AO0-HYu-GTspb7nON40_ht6a29OsfkuHuc-H0kzIUkoielAuXr0d8IpvyMe_kifAABOUumpi8vm983lt1jDhX0MTE4cdZlk0/s200/DSC09687.JPG" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Benjamin, horas depois de nascer.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Fomos para cama nos esquentar e algum tempo depois
a placenta nasceu, uma sensação boa e até anestesiante. O cordão só foi cortado
quando parou de pulsar, ele mamou na primeira ou segunda hora de vida com ajuda
da Kátia e da Patrícia para acertar a pega, demorou um pouco para acertarmos,
mas mamou bem. Eu não tive lacerações.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
E foi assim que Benjamin nasceu, às 13h17 do dia 2
de outubro de 2011, um domingo de sol com chuva no final da tarde (como eu
tinha pedido no dia anterior, que meu filho nascesse com chuva).</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
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</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b>Agradecimentos<o:p></o:p></b></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ao Alex, por me acompanhar em uma<a href="http://bebedubem.blogspot.com/"> Roda Bebedubem</a>
mesmo achando, a principio, “coisa de índio”. Por se abrir para essa
possibilidade e perceber que era o melhor para mim e para o nosso filho e apoiar
minha decisão integralmente. Por ter estado ao meu lado durante o processo
todo, por ter segurado a minha mão, por ter me dado um olhar seguro e um
sorriso quando eu sentia meu corpo se despedaçar e minha alma se abrir. Por ser
tão contrário de mim, meu oposto, e ao mesmo tempo tão parecido... por tanta
coisa, que é melhor deixar para lá. (Além claro do fato de ‘ter me dado’ o
Benjamin rsrs)</div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
A Flávia, a Patrícia, a Kátia e a Denise, que
trouxeram (e trazem) a possibilidade de um parto humanizado não só para mim,
mas para outras mães e bebês da região. Que permitem que esse ritual tão
importante na vida de uma mulher, de um bebê, de uma família não seja esquecido
e possa continuar acontecendo apesar das tantas dificuldades da nossa realidade
obstétrica e hospitalar. Por saberem estar presentes respeitando o tempo, o
corpo e a alma de cada mãe e filho. Por criarem <a href="http://www.mamiferas.com/2011/11/1089.html">um círculo mágico e sagrado</a> a
cada parto, confiarem no poder de fêmea de cada uma de nós. É impossível
descrever em palavras o quanto essas mulheres mudaram a minha vida e mudam a de
tantas outras, elas permitiram que nascesse não só um bebê , mas a fêmea que sempre
senti e sonhei em mim: a felina silenciosa, a bruxa poderosa, a mãe paciente. (vou
parar de escrever porque esse relato já tá virando um livro).</div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
A minha irmã, Michele, que foi presença fundamental
no nascimento do Benjamin e em sua primeira semana de vida. Que soube cuidar de
mim, para que eu pudesse cuidar do meu pequeno. Bruxa da cozinha, que trouxe
seus feitiços em forma de temperos e aromas para minha cozinha nos primeiros
dias e alimentou corpo e alma.</div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
A minha mãe, Maria Alice, que entendeu que para eu
nascer mãe eu precisava me distanciar da condição de filha. Que mesmo achando
loucura aceitou (ou pelo menos fingiu bem rsrs) meu parto domiciliar e depois
ficou toda orgulhosa da minha força... rsrs. E que ainda hoje respeita meu
maternar, sempre dando suas colheradas e palpitadas (muito bem vindas por
sinal), mas sem impô-las.</div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ao meu pai, Sinésio, que pode não ter entendido a
maioria das minhas decisões, que talvez não tenha aceitado o parto domiciliar nem
mesmo agora (rsrs), mas que as respeita. E que ainda não se deu conta que, se
eu trilhei todo esse caminho, lutando por ter algo tão diferente da maioria,
nadando contra a corrente, buscando informações a cada passo e tomando minhas
próprias decisões sem tutela médica ou familiar, foi pura e simplesmente porque
ele me ensinou a ser assim desde criança, nunca me dando uma resposta pronta,
me fazendo buscá-la. Nunca me “dando o peixe, mas ensinando sempre a pescar”.</div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
A todas as pessoas, conhecidas ou não, que de alguma
forma fizeram parte desse processo todo. Seja nas listas, que mais li que
escrevi, nos relatos de parto que me deram força e me fizeram chorar e sorrir
ao mesmo tempo. Tanta gente que nem se deu conta do quanto me ajudou. </div>
<br />Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-644846775309852000.post-86809955722010149662011-09-24T23:56:00.002-03:002011-09-25T00:05:57.230-03:00[LIVRO] A Tenda Vermelha, de Anita Diamant<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.vesoloski.eti.br/blogdagabi/uploaded_images/livro_ATendaVermelha-725034.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.vesoloski.eti.br/blogdagabi/uploaded_images/livro_ATendaVermelha-725034.jpg" width="218" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Li esse livro pela segunda vez em outubro de 2010, e falei de como ele mexe comigo <a href="http://sanguerosasevinhotinto.blogspot.com/2010/10/dinah.html">aqui, nesse post de outro blog</a>.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Hoje percebo que o que me toca nesse livro não são só as dores de Dinah e sua família. Dores que não convém citar já que não quero atrapalhar a leitura de ninguém e esse livro vale cada página.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">O que me toca são as reuniões femininas na tenda vermelha, a união das mulheres daquela época, a forma como uma se apoiava nas outras e se amavam. É estranho pensar que antigamente as mulheres eram muito mais unidas do que hoje em dia, ainda mais quando consideramos que muitas vezes elas dividiam o mesmo homem e teoricamente, a disputa entre elas deveria ser muito maior que hoje em dia.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Quando foi que nos esquecemos de amar nossas irmãs? Quando foi que nos ensinaram que somos inimigas e os homens são tão melhores que nós? Quando foi que esquecemos os segredos femininos e terceirizamos nossas funções biológicas? Quando foi que ficamos tão fúteis e vazias? Quando foi que no tornamos tão ou mais machistas que alguns homens?</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Penso em toda vez que vi uma mulher brava porque outra tinha lhe roubado o namorado, dos insultos, da disputa entre elas. Quando na verdade, quem deveria ser insultado era o homem, afinal, o compromisso era dele, não? </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Não, eu não sou feminista (esse termo só me parece o machismo ao contrário). Eu sou mulher, sou fêmea, e gosto de ser diferente dos homens, dos machos. Gosto de sangrar a cada lua para lembrar que posso gerar, se não houvesse sangue mensal, hoje o Benjamin não estaria aqui se formando de mim e do pai dele.*</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Fico triste ao ver mulheres brigando com outras mulheres por motivos tolos, de ver mulheres tentando provar que são tão capazes quanto os homens e tendo de deixar seu lado fêmea de lado, de ver mulheres renegando a biologia, enojadas com seu sangue, preocupadas com um padrão de beleza <i>photoshopado </i>e machista. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">A gravidez me fez gostar ainda mais de ser fêmea, o privilégio de gerar um bebê é nosso, e confesso que tenho uma certa compaixão com machos que não podem sentir com tanta intensidade esse momento. Foi também a gravidez que me fez ver que as tendas vermelhas tem se levantado novamente, que há mulheres por ai lutando para pegarem de volta o poder sobre seus corpos, sobre sua sexualidade e sobre seus mistérios.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Vejo mulheres passando os mistérios umas para as outras, fêmeas alfa, fortes, admiráveis, são doulas, parteiras, enfermeiras obstetras (<a href="http://bebedubem.blogspot.com/">e as que tem passado para mim são daqui</a>). Às vezes elas não têm rótulo nenhum, mas ensinam a parir, a amamentar, a maternar, são mulheres que conquistaram seus mistérios de volta e agora cuidam de devolvê-los a outras mulheres.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">O mais bonito dessa tendas vermelhas modernas é que os homens não são mais proibidos de entrar nelas, os machos dispostos podem participar desse processo e os que tem coragem para fazer esse trajeto encontram a força do feminino, ficam mais perto de entender as diferenças e mais apaixonados pelas fêmeas. As tendas vermelhas também transformam os machos. Pena que os machistas não tenham coragem suficiente para fazer essa jornada ao lado de suas companheiras.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Mas vejo nesses círculos mistos de mulheres e homens uma nova esperança, uma nova possibilidade. Sem guerra dos sexos, sem inferior X superior, gêneros diferentes lado a lado. Homens e mulheres, machos e fêmeas se complementando.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Que os deuses permitam que eu e o Alex possamos criar o Benjamin assim, reconhecendo a força das fêmeas, respeitando o poder feminino e também o seu próprio poder de macho. Que ele não tenha medo de entrar nas tendas vermelhas, que ele caminhe lado a lado daquela que um dia amar.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">*Sobre a menstruação tem um livro maravilhoso da Monika Von Koss que super vale a pena, Rubra força: fluxos do poder feminino. A <a href="http://monikavonkoss.com.br/site/rubra-forca">sinopse pode ser encontrada aqui</a> e <a href="http://books.google.com.br/books?id=4RZNw8XYLcEC&pg=PA175&lpg=PA175&dq=rubra+for%C3%A7a&source=bl&ots=FMDTLL9Lk5&sig=rZ0F8D8OnnfEdAgARxhHC3plX_s&hl=pt-BR&ei=t5V-Tuz3K4GtgQeZ0N1g&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=5&ved=0CD0Q6AEwBA#v=onepage&q&f=false">uma parte do livro aqui.</a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">Mais um post confuso. Era para ser sobre o livro, mas divaguei demais e não pretendo mudar. Aliás, não vou nem revisar. Só percebi que esqueci um dos pontos principais de falar do livro aqui, a história fala de Dinah e sua família. Família essa que já <a href="http://depoisdebenjamin.blogspot.com/2011/08/benjamin.html">citei aqui</a>, falando da origem do nome Benjamin. É! Benjamin é o irmão caçula de Dinah. E apesar deles não terem se conhecido e ele mal ter sido citado no livro, ser dessa família foi um dos muitos motivos da escolha do nome. Eu tinha cogitado Dinah se fosse uma menina.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br />
</span></div>Rô Rezendehttp://www.blogger.com/profile/14389143072888616529noreply@blogger.com3