Hoje o pequeno completa os tais três meses e a única coisa que consigo pensar é que foi muito mais maravilhoso e tranquilo do que imaginei que pudesse ser.
Pode ter sido meu medo do pós-parto e do primeiro trimestre, tinha expectativas de que fosse bem complicado, de ficar muito nervosa e não dar conta. Foi tanto receio que quando encarei a situação me pareceu calma.
Todos os receios daqui me acompanharam até o dia do nascimento e, nele, se dissiparam. No trabalho de parto todas as minhas ansiedades decidiram tirar uma folga e encontrei uma calma que parecia nem me pertencer. Uma calma que ainda tem me acompanhado nessa jornada mamífera e espero que continue para sempre.
Vez ou outra ela some, quando o pequeno chora aquele choro doído, normalmente pela falta de sono. Ou quando é a mim que o sono incomoda e ele quer é farra. Respiro fundo, às vezes entre lágrimas cansadas e corro atrás dela. Mas tento não me culpar quando a paciência se esgota e converso com Benjamin sobre isso, sobre o meu cansaço. Vou buscando opções que agradem a nós dois.
Aliás, converso com ele sobre tudo e isso me ajuda a manter o foco, a me acalmar e acalmá-lo.
Falando em calma, foi assim que Benjamin nasceu: calmo. Não chorou a principio, e veio logo para os meus braços, e logo que olhei aqueles olhinhos enormes encontrando os meus foi paixão a primeira vista.
Paixão mesmo, daquelas que arrebatam a gente, de não conseguir parar de pensar, nem ficar longe, de acelerar o coração e não deixar o sorriso ir embora. Queria que todos viessem logo conhecer aquele serzinho pequeninho que foi capaz de trazer um sentimento tão forte.
Esse sentimento foi se diluindo em um amor mais sereno, ainda maior, e quando me pego olhando aquela criaturinha dormindo ou brincando, dá vontade de chorar de felicidade. Uma felicidade que é muito maior que eu, que tudo. E a cada dia o amor aumenta, a cada olhar, a cada toque, a cada descoberta do Benjamin eu descubro que meu amor consegue ser maior ainda.
Na contramão de tanta felicidade sinto-me despedaçada. Sempre lia nos relatos como as mulheres renasciam mães, que a transformação era ali naquele momento. Percebo hoje que sempre acreditei que fosse instantâneo, mas não é, não para mim pelo menos.
A mãe calma nasceu sim naquele dia, mas me partiu em pedacinhos e sempre que olho para dentro encaro uma bagunça de partes de mim que tento remontar como um quebra-cabeça. A filha, a irmã, a profissional, a mulher, a menina, a amiga, a madrinha, a namorada/esposa... todas as peças misturada e eu aqui sem saber como me remontar.
E sabe? É estranho sim, é até dolorido me encontrar assim, partida. Mas é gostoso também, é como ir me reconhecendo. Talvez eu tenha sim renascido junto com Benjamin instantaneamente, o problema é que a consciência desse arranjo novo vai demorar, encontrar onde cada peça está não vai ser fácil, talvez seja daquelas tarefas eternas. Pode ser que quando estiver colocando a última peça, tudo decida se remodelar de novo.
E agora, eu tenho mais um companheiro, que ainda nem sabe falar, mas já sabe mostrar o que quer. E que tem o combustível que eu preciso em cada olhar, em cada sorriso.
Enquanto o Benjamin descobre o mundo, eu descubro a mim e a ele. E essa jornada que acaba de completar três meses é deliciosa, e por mim, pode continuar sem fim.
Feliz "meservário", filho.
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