Li esse livro pela segunda vez em outubro de 2010, e falei de como ele mexe comigo aqui, nesse post de outro blog.
Hoje percebo que o que me toca nesse livro não são só as dores de Dinah e sua família. Dores que não convém citar já que não quero atrapalhar a leitura de ninguém e esse livro vale cada página.
O que me toca são as reuniões femininas na tenda vermelha, a união das mulheres daquela época, a forma como uma se apoiava nas outras e se amavam. É estranho pensar que antigamente as mulheres eram muito mais unidas do que hoje em dia, ainda mais quando consideramos que muitas vezes elas dividiam o mesmo homem e teoricamente, a disputa entre elas deveria ser muito maior que hoje em dia.
Quando foi que nos esquecemos de amar nossas irmãs? Quando foi que nos ensinaram que somos inimigas e os homens são tão melhores que nós? Quando foi que esquecemos os segredos femininos e terceirizamos nossas funções biológicas? Quando foi que ficamos tão fúteis e vazias? Quando foi que no tornamos tão ou mais machistas que alguns homens?
Penso em toda vez que vi uma mulher brava porque outra tinha lhe roubado o namorado, dos insultos, da disputa entre elas. Quando na verdade, quem deveria ser insultado era o homem, afinal, o compromisso era dele, não?
Não, eu não sou feminista (esse termo só me parece o machismo ao contrário). Eu sou mulher, sou fêmea, e gosto de ser diferente dos homens, dos machos. Gosto de sangrar a cada lua para lembrar que posso gerar, se não houvesse sangue mensal, hoje o Benjamin não estaria aqui se formando de mim e do pai dele.*
Fico triste ao ver mulheres brigando com outras mulheres por motivos tolos, de ver mulheres tentando provar que são tão capazes quanto os homens e tendo de deixar seu lado fêmea de lado, de ver mulheres renegando a biologia, enojadas com seu sangue, preocupadas com um padrão de beleza photoshopado e machista.
A gravidez me fez gostar ainda mais de ser fêmea, o privilégio de gerar um bebê é nosso, e confesso que tenho uma certa compaixão com machos que não podem sentir com tanta intensidade esse momento. Foi também a gravidez que me fez ver que as tendas vermelhas tem se levantado novamente, que há mulheres por ai lutando para pegarem de volta o poder sobre seus corpos, sobre sua sexualidade e sobre seus mistérios.
Vejo mulheres passando os mistérios umas para as outras, fêmeas alfa, fortes, admiráveis, são doulas, parteiras, enfermeiras obstetras (e as que tem passado para mim são daqui). Às vezes elas não têm rótulo nenhum, mas ensinam a parir, a amamentar, a maternar, são mulheres que conquistaram seus mistérios de volta e agora cuidam de devolvê-los a outras mulheres.
O mais bonito dessa tendas vermelhas modernas é que os homens não são mais proibidos de entrar nelas, os machos dispostos podem participar desse processo e os que tem coragem para fazer esse trajeto encontram a força do feminino, ficam mais perto de entender as diferenças e mais apaixonados pelas fêmeas. As tendas vermelhas também transformam os machos. Pena que os machistas não tenham coragem suficiente para fazer essa jornada ao lado de suas companheiras.
Mas vejo nesses círculos mistos de mulheres e homens uma nova esperança, uma nova possibilidade. Sem guerra dos sexos, sem inferior X superior, gêneros diferentes lado a lado. Homens e mulheres, machos e fêmeas se complementando.
Que os deuses permitam que eu e o Alex possamos criar o Benjamin assim, reconhecendo a força das fêmeas, respeitando o poder feminino e também o seu próprio poder de macho. Que ele não tenha medo de entrar nas tendas vermelhas, que ele caminhe lado a lado daquela que um dia amar.
*Sobre a menstruação tem um livro maravilhoso da Monika Von Koss que super vale a pena, Rubra força: fluxos do poder feminino. A sinopse pode ser encontrada aqui e uma parte do livro aqui.
Mais um post confuso. Era para ser sobre o livro, mas divaguei demais e não pretendo mudar. Aliás, não vou nem revisar. Só percebi que esqueci um dos pontos principais de falar do livro aqui, a história fala de Dinah e sua família. Família essa que já citei aqui, falando da origem do nome Benjamin. É! Benjamin é o irmão caçula de Dinah. E apesar deles não terem se conhecido e ele mal ter sido citado no livro, ser dessa família foi um dos muitos motivos da escolha do nome. Eu tinha cogitado Dinah se fosse uma menina.
3 comentários:
Oi amiguinha! obrigada pelo comentário.
Tem razão, ainda bem que a mamãe é santista!
Beijos
http://ensineseubebe.blogspot.com/
Que grande bobagem você dizer que não é feminista, escrevendo um texto como esse. Você prega a igualdade entre mulheres e homens, e o empoderamento e sagrado feminino, e diz que não é feminista? Você é sim, e deveria se orgulhar (muito) disso.
Feminismo NÃO é o oposto de machismo, como a palavra, erroneamente, pode dar a entender. Dê uma pesquisada no termo, e você vai ver que feminismo = igualdade.
Faz tempo que escrevi isso, moçx e minha visão sobre o feminismo mudou bastante. Já pesquisei e li sobre. De qualquer forma, obrigada por expor isso aqui corrigindo o termo. Outras pessoas que lerem podem já ter ou começar a ter a visão errada que eu tinha.
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