sábado, 28 de janeiro de 2012

O primeiro carinho


Acordo com o choro de Benjamin, nem sei se é madrugada ou de manhã. Quer mamar, o puxo para perto, ele mama. Eu fecho os olhos de novo e acordo com mãozinhas desajeitadas tocando meu rosto. Aqueles olhos enormes me encarando, como quando no primeiro minuto de vida. Lembro de como ele tem o dom de sorrir só com os olhos, com aquele brilho que me faz querer chorar.
As mãozinhas descoordenadas continuam tentando pegar meu rosto. Entendo a curiosidade dele com meu rosto como carinho, às vezes ele tenta pegar a pele e belisca, fico feliz por ter cortado as unhas dele no dia anterior e isso deixa o beliscão menos dolorido. Às vezes é um tapa leve
É meu pequeno aprendendo a descobrir o mundo com o toque e a dor é pequena demais diante da delícia de sentir suas mãozinhas. Sorrio para ele, retribuo o carinho tentando mostrar o quão gostoso é. Ele sorri. O sorriso banguela mais lindo do mundo.
Beijo e abraço aquele serzinho tão pequeno e já tão grande. O sorriso aumenta, se torna riso. E eu só queria parar o tempo nesse momento.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Bebê "estragado"


Desde que o Benjamin nasceu ouço sobre o colo "estragar", sobre deixar mal acostumado. Inclusive, de uma pediatra.
Antes de engravidar eu também pensava assim, ou melhor, não pensava, só concordava com o senso comum. Mas desde os primeiros meses da gravidez eu já percebi o quanto o simples toque me trazia bem estar, conforto, segurança. Depois encontrei textos defendendo o máximo de carinho e aquilo fazia muito mais sentido.
Quando peguei a primeira vez meu bebê, assim que ele nasceu, e aqueles olhinhos arregalados olharam direto para os meus, todo meu instinto gritou que eu precisava protegê-lo, que ele tinha de estar o máximo possível perto de mim. Era difícil soltá-lo para colocar longe de mim, por isso, ficava no carrinho sempre com alguém perto.
O máximo de distância que já consegui dele foi em cômodos da casa, nos primeiros dias, só quando sabia que alguém ficaria com ele para eu descansar. Ou ele ia para cama dormir comigo.
Depois disso a cama compartilhada também não foi decisão difícil, nem muito pensada. Também já tinha lido um pouco sobre e tê-lo ao meu lado ao dormir me permitia um descanso maior.
No começo, ele chorava e eu sentava para dar mamar. Hoje, com quase três meses, nem levanto mais, mal percebo quando acordamos para mamar (que são poucas vezes), logo já estamos dormindo de novo.
Escolhi tudo inverso do que acreditava antes de engravidar, li muito e agora aplico tudo que vai de encontro ao meu coração.
Pelo senso comum, meu filho deveria ser "mal acostumado", super dependente, só querer colo e todas essas bobagens que ouvimos.
Sabe o que é mais engraçado? Eu esperava que ele realmente fosse assim, que quisesse colo 24h por dia, que não conseguisse ficar sem ninguém perto. Afinal, ele é um bebê, é a criatura mais dependente que existe, ora essa. Depende de mim para o alimento, para a higiene, para dormir. O que eu deveria esperar de um serzinho que não sabe falar nem se locomover?
Mesmo assim o pequeno não costuma se incomodar de ficar sozinho por alguns minutos na cama, no carrinho ou no berço, para eu preparar o banho ou atender a porta. Segundo a ilustríssima pediatra isso é porque sabe que logo alguém vai pegá-lo. E isso é ruim? Ora, se ele tem essa segurança, se sabe que é cuidado e sempre terá um colo quentinho para acolhê-lo, eu fico é muito feliz, obrigada.
Mas não é que Benjamin me suspreendeu ainda mais? Em uma noite dessas, no colo da pai, começou a tentar pegar os brinquedos. Logo em seguida, quando o deixei sobre a cama para pegar a fralda, o encontrei tentando pegar uma sacola que estava perto.
E já no dia seguinte, quando eu e o pai dele precisávamos limpar a casa e preparar a ceia de Natal, ele acordou bem no meio do processo. Minha sugestão foi deixá-lo no carrinho e ir falando com ele enquanto fazíamos o que precisássemos, o pai decidiu deixar os brinquedinhos de carrinho perto dele. E não é que ele ficou um bom tempo brincando com os ursinhos barulhentos, tentava pegá-los e eles faziam barulho, adorou! Nem ligava quando iámos falar com ele, olhos fixos nos ursinhos.
È, meu menino está crescendo, e que sorte que eu aproveito bastante para tê-lo no meu colo, já que daqui um tempo não só ele não caberá mais no meu colo como dificilmente irá querer.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Três meses de Benjamin


Hoje o pequeno completa os tais três meses e a única coisa que consigo pensar é que foi muito mais maravilhoso e tranquilo do que imaginei que pudesse ser.
Pode ter sido meu medo do pós-parto e do primeiro trimestre, tinha expectativas de que fosse bem complicado, de ficar muito nervosa e não dar conta. Foi tanto receio que quando encarei a situação me pareceu calma.
Todos os receios daqui me acompanharam até o dia do nascimento e, nele, se  dissiparam. No trabalho de parto todas as minhas ansiedades decidiram tirar uma folga e encontrei uma calma que parecia nem me pertencer. Uma calma que ainda tem me acompanhado nessa jornada mamífera e espero que continue para sempre.
Vez ou outra ela some, quando o pequeno chora aquele choro doído, normalmente pela falta de sono. Ou quando é a mim que o sono incomoda e ele quer é farra. Respiro fundo, às vezes entre lágrimas cansadas e corro atrás dela. Mas tento não me culpar quando a paciência se esgota e converso com Benjamin sobre isso, sobre o meu cansaço. Vou buscando opções que agradem a nós dois.
Aliás, converso com ele sobre tudo e isso me ajuda a manter o foco, a me acalmar e acalmá-lo.
Falando em calma, foi assim que Benjamin nasceu: calmo. Não chorou a principio, e veio logo para os meus braços, e logo que olhei aqueles olhinhos enormes encontrando os meus foi paixão a primeira vista.
Paixão mesmo, daquelas que arrebatam a gente, de não conseguir parar de pensar, nem ficar longe, de acelerar o coração e não deixar o sorriso ir embora. Queria que todos viessem logo conhecer aquele serzinho pequeninho que foi capaz de trazer um sentimento tão forte.
Esse sentimento foi se diluindo em um amor mais sereno, ainda maior, e quando me pego olhando aquela criaturinha dormindo ou brincando, dá vontade de chorar de felicidade. Uma felicidade que é muito maior que eu, que tudo. E a cada dia o amor aumenta, a cada olhar, a cada toque, a cada descoberta do Benjamin eu descubro que meu amor consegue ser maior ainda.
Na contramão de tanta felicidade sinto-me despedaçada. Sempre lia nos relatos como as mulheres renasciam mães, que a transformação era ali naquele momento. Percebo hoje que sempre acreditei que fosse instantâneo, mas não é, não para mim pelo menos.
A mãe calma nasceu sim naquele dia, mas me partiu em pedacinhos e sempre que olho para dentro encaro uma bagunça de partes de mim que tento remontar como um quebra-cabeça. A filha, a irmã, a profissional, a mulher, a menina, a amiga, a madrinha, a namorada/esposa... todas as peças misturada e eu aqui sem saber como me remontar.
E sabe? É estranho sim, é até dolorido me encontrar assim, partida. Mas é gostoso também, é como ir me reconhecendo. Talvez eu tenha sim renascido junto com Benjamin instantaneamente, o problema é que a consciência desse arranjo novo vai demorar, encontrar onde cada peça está não vai ser fácil, talvez seja daquelas tarefas eternas. Pode ser que quando estiver colocando a última peça, tudo decida se remodelar de novo.
E agora, eu tenho mais um companheiro, que ainda nem sabe falar, mas já sabe mostrar o que quer. E que tem o combustível que eu preciso em cada olhar, em cada sorriso.
Enquanto o Benjamin descobre o mundo, eu descubro a mim e a ele. E essa jornada que acaba de completar três meses é deliciosa, e por mim, pode continuar sem fim.

Feliz "meservário", filho.