sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Frustação.... perfeccionismo e compulsão?

Li esse post bem bacana explicando a relação dos três elementos do título: http://naoperfeccionismo.wordpress.com/perfeccionismo-frustracao-e-compulsao/#comment-489

E depois da leitura, fiz uma reflexão que se transformou nesse [gigante] comentário:

Adorei essa postagem! Desde que me tornei mãe o processo de auto conhecimento disparou, o perfeccionismo também. Mas entender o mecanismo faz TODA a diferença.
Uma questão sobre a criança frustrada, acho que a grande questão é aceitar o que consideramos "birra" justamente porque ela não sabe lidar com a frustração, ela nem sabe que está frustrada. Esse processo começa junto com o EGO, quando a criança começa a ser perceber como indivíduo, conhece o NÃO e inicia a separação fusional da mãe. Entende como tantas mudanças acontecem ao mesmo tempo? Tem até um termo Terrible Two, ou a adolescência do bebê rsrs...
Então, acho que o meu papel como mãe é primeiro acolher a frustração e a forma como a criança a expressa (pq ela não tem ferramentas para expressar melhor), depois de acalmá-la explicar o que aconteceu (ela ficou frustrada por tais motivos, tentar nomear os sentimentos) e dar as ferramentas para ela ir aprendendo a lidar com isso de outra forma.
E por que estou explicando esse processo de como o vejo sendo mãe? Para tentar entender o que nossos pais fizeram. A maioria dos pais não acolhe a frustração, eles ficam revoltados com o a forma que expressamos (chamam de birra, como se fosse uma manipulação, um joguete infantil para conseguir o que quer), tentam reprimi-la, sem explicação: "Não pode fazer isso e pronto. Engula o choro, se controle". Mais dia menos dia aprendemos a fazer isso, não por controle ou por aprender a lidar com aquilo, mas porque a consequência (castigo, apanhar, ou só o olhar torto dos pais, nós amamos nossos pais, queremos agradá-los, sermos considerados bonzinhos - só a ideia da retirada de amor nesse período é perturbadora) é muito pior. Eu acho que é ai que vira compulsão, porque essa frustração tem de sair de algum jeito, não temos ferramentas, dá-lhe compulsão.
E essa questão da retirada do amor é essencial. Meu filho teve um acesso de descontrole esses dias (ele tem 2 anos e 2 meses), eu consegui não me enfurecer junto (é meu primeiro impulso sempre), consegui abraçá-lo (ele se debatia) e dizer o que gostaria de ouvir nos meus descontroles: "Eu te amo, mesmo no seu descontrole, eu vou te amar sempre, vou estar sempre com você. Você vai se descontrolar até aprender a lidar com tanta emoção e eu vou estar com você. Vamos aprender juntos, pq tmb num sei". Mas dizer só não basta, é preciso sentir isso, respirar com calma, crianças sentem tudo. Então, enquanto o abraçava pensava na criança em mim sendo acalentada. Aceitava o descontrole dele e o meu, amava a ele e a mim. Foi libertador. E aos poucos senti o corpo dele relaxando, se entregando pro abraço, o choro diminuindo, até que ele me abraçou de volta. Apertado e sem choro. Depois disso, conversamos sobre como ele se sentia e fomos brincar.