quinta-feira, 22 de março de 2012

Estimular ou não?

Em uma das listas que participo surgiu a questão do estímulo e do ensinar habilidades motoras para os pequenos, como virar, rolar. Chegaram ao consenso que não é preciso nada disso, que a própria imitação e desejo da criança a impulsiona a esses movimentos. Estimulada ou não, ela fará.
Depois, pensando mais sobre a questão, lembrei de quando Benjamin estava aprendendo a virar de bruços. Nem sempre ele conseguia, então nós o ajudávamos. E ele ficava muito feliz de ficar de bruços mesmo quando  havia um empurrãozinho.
Meu marido aproveitava a felicidade do pequeno e ficava de bruços do lado também, imitando Benjamin e brincava com ele assim até enjoar. Um dia, no meio da brincadeira, Alex (meu marido), tentou mostrar para o nosso filho como se arrastar, ele mexia os braços e as pernas, sem sair do lugar. Benjamin ria muito, não tentava imitar, mas adorava. Ríamos todos, não pretendíamos que o pequeno se arrastasse, era um estímulo, um incentivo, mas a intenção principal era o riso, a diversão, o prazer de estar junto.
Lembrando dessa cena, percebi que sim houve estímulo, não sei se ajudou no desenvolvimento do pequeno para que hoje ele já se arraste, mas acredito que de alguma forma deve ter sim, nem que seja aumentando a felicidade do nosso Benjamin.
A questão é que não foi um exercício pensado, planejado, com hora marcada e aquela obrigação de tarefa, foi um momento gostoso em família. Foi um estímulo espontâneo, foi uma brincadeira, foi prazer.
E é assim que eu gostaria que fosse todos os aprendizados do nosso pequeno, cheio de risada e felicidade. Pelo prazer de se desenvolver, e não pela obrigação. Sem neuras se ele não fizer o que nós achamos que ele "deveria", porque o tempo é dele, a aprendizagem é dele, nós estamos aqui para apoiar, incentivar.
É assim que eu acredito que deva ser todo aprendizado, porque para aprender "quebrando a cara" já temos a vida como professora.

terça-feira, 20 de março de 2012

Carta

Filho, hoje eu decidi te escrever. Já tentei conversar, te falar tudo que eu quero e preciso, mas a mamãe sempre foi melhor com as palavras visíveis, preciso vê-las para coordená-las. Isso é uma das coisas que têm mudado com a sua chegada, tenho falado muito mais, tentando aprimorar as palavras ditas, mas hoje, eu preciso recorrer a escrita novamente.
Sei que estamos passando por uma fase difícil, a mamãe está perdida em si, em todas as funções que preciso, e perdida de mim, me perco de você. E perdidos, não conseguimos nos entender. Por sorte, filho, você é maravilhoso, e sempre traz aquela gargalhada gostosa e o sorriso faceiro que me ajudam a voltar para nós, para mim, para você... mas eu acabo me perdendo de novo.
A mamãe está tentando consertar tudo isso, tentando organizar dentro e fora para me encontrar com você. Mas não é uma tarefa fácil, filho. E pelo pouco que sei, penso que é tarefa para vida inteira, voltiemeia terei de refazer isso, e vai chegar uma hora, quando você crescer, dominar as palavras e encontrar seu eu, que você também terá de fazer isso.
Sei que não há desculpa no mundo que justifique isso tudo, mas mesmo assim, preciso te dizer a origem de tanta desorientação da minha parte. É o cansaço, meu amor. É a bagunça, do meu peito, da minha cabeça, da nossa casa. Tem tanta coisa aqui dentro, filho. E, sabe, a mamãe está longe, muito longe de ser perfeita, de dar conta de tudo. Não sou, nem pretendo ser, super mulher, daquelas que dá conta de tudo.
Mamãe não quer isso, não, filho, porque eu sei que não dou conta. Penso que nem quero tentar dar conta, não consigo imaginar minha vida assim. Ou melhor, até consigo, mas imagino uma vida onde muita coisa realmente importante fica de lado para termos uma casa que brilha e reluz. Minha sanidade, nosso relacionamento, minha calma...
Eu prefiro deixar o que dá de lado e me concentrar em você, me concentrar em mim. Vai ver que eu sou mesmo é preguiçosa como sempre ouvi de todo mundo... será?
Esse momento da minha vida está realmente confuso e contraditório, porque ao mesmo tempo que sou muito feliz por ter a benção do seu sorriso na minha vida, me sinto infeliz com os rumos da vida no geral. Ao mesmo tempo que tenho você, não tenho direito de ficar ao seu lado.
Às vezes sinto que essa distância até faz bem para nós dois, mas páro e repenso, e sinto que isso é só uma forma de fugir da minha responsabilidade de mãe.
Sabe, filho, a mamãe lutou muito para conseguir te dar um nascimento tranquilo e ter um parto único. Foi a grana, foi convencer seu pai, foi convencer a mim mesma, foi encontrar a solução... parecia utopia, mas um dia você estava lá, nos meus braços, na nossa casa, depois de algumas horas de trabalho de parto.
Naquele dia e depois, senti que eu era capaz de tudo. De tudo que eu quisesse com o coração.
Então, por que não consigo ficar com você? Será que é falta de querer? Será que meu querer não é o suficientemente forte como foi com o parto? Será que não é de coração? Será que eu tenho tanto medo assim de me perder na maternidade que fujo dessa possibilidade? Será que é a vontade de me afastar que me proibi de me sentir bem longe de você?Será que tenho medo de você achar que eu não te amo se me permito ficar longe?
Digo e repito que vou trabalhar fora porque preciso, porque é necessário (e é). Mas alguma coisa aqui dentro diz que eu posso mudar, mas eu não sei como. Eu não sei para onde ir. Eu não sei o que fazer.
E agora, me percebo com medo de ficar sozinha com você, às vezes. Me pego sem saber o que fazer com você no meu colo. Como te entreter? E esse aperto no peito?
Por sorte, ainda consigo me sentir ligada a você, quando brincamos e ouço sua gargalhada. Quando seus olhos encontram o meu e isso é tudo que importa.
Mamãe tem medo, filho. Medo demais, de nem sei o quê. E eu sei que a única que pode me salvar desse medo sou eu mesma...

quarta-feira, 7 de março de 2012

...


e eu continuo tentando encontrar minhas peças, reorganizá-las de um jeito que agrade essas minhas novas perspectivas...

...no meio disso tudo tenho de administrar o trabalho, para qual retornei, a casa, que não consigo limpar e organizar...

...é possível?