terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Prioridades - as minhas e as dos outros

Os dias andam difíceis, muito difíceis. E várias coisas tem me mostrado que essas dificuldades vem única e exclusivamente de um só lugar: o meu excesso de cobrança. Auto cobrança, que vira cobrança para todos ao meu redor. Inclusive, para a criaturinha que mal passou do seu primeiro ano de vida.
Eu só ainda não sei de onde vem essa cobrança, mas tenho tentado descobrir. A Flavia Penido (doula linda e abençoada) fez um questionamento que anda ecoando por aqui até agora: O que o Benjamin realmente precisa?
A pergunta parece simples, mas não é. Eu comecei a fazer uma lista das coisas que Benjamin precisa, ai descobri que a lista na verdade era as coisas que EU ACHO que ele precisa. A lista ficou enorme (e nem terminei), e fui vendo o quão espelhada em mídia eu sou, mesmo tendo consciência que aquela vida dos comerciais para lá de utópica (e chata hoho).

Uma amostra da minha lista já com os devidos comerciais:
Rolou comercial de curativo: uma mãe que sabe cuidar de todos os ferimentos.
De produto de limpeza: casa aconchegante, com atmosfera de limpeza e brilhando.
De sabão em pó e amaciante: roupas perfeitamente passadas, cheirosas e sem manchas.
De margarina: pais equilibrados, sempre sorridentes e apaixonados.
De tempero: comida ultra saudável (não que exista isso em comercial), saborosa e preparada com muito amor.

Essas foram as que transformei em comercial, mas também teve: organização em tudo (brinquedo, roupa, casa), rotina, brinquedos educativos e divertidos, atividades idem, pouca ou nenhuma televisão, apenas estímulos positivos.

Escrito assim quase parece fácil. E talvez ai esteja o problema, quando eu penso em cada uma das coisas isoladas elas parecem ser possíveis, e começa a cobrança. Como eu não consigo isso? Por que quando ele se machuca eu tenho de ligar para alguém e perguntar se é melhor por gelo ou levar no PS? Por que eu não consigo tirar as manchas de sabe-se-lá o quê da linda camisa que ele ganhou de natal? Por que a pia sempre tem louça? Por que eu não tenho um repertório infinito de brincadeiras divertidas que o façam parar de ligar/desligar a droga do videogame do pai dele?

Tem um blog que gosto muito sobre organização, a dona é mãe, trabalha fora e tem projetos paralelos (além do próprio blog). Por mais que eu tente, é impossível não pensar "como ela consegue?" e o pior ainda "por que eu não consigo? por que estou a ponto de pirar diariamente?". Mas ai, em um texto falando sobre a lancheira dos filhos tinha nas sugestões danoninho, peito de peru, suco de caixinha... entre outras coisas que eu não considero nada saudáveis. Questionada sobre isso a resposta foi que aquilo é o melhor que ela pode oferecer levando em conta a logística e os custos. E ai, a ficha caiu. É tudo uma questão de prioridades e de possibilidades!

A alimentação é uma das minhas prioridades, por isso oferecer alimentos de baixa qualidade pela praticidade não faz parte dos meus planos. Por isso eu gasto um bom tempo na cozinha diariamente, seja lavando e cortando frutas, fazendo o almoço... E é isso: eu prefiro uma pia com louça a uma prato semi pronto. Mesmo assim não consigo (por questões de custo) comprar orgânicos. E a alimentação que ofereço está longe da ideal que eu queria, mas é o que eu consigo no momento, dentro das minhas possibilidades (e isso ainda me dói).

E a questão aqui não é julgar as prioridades alheias, mas apenas perceber que cada um tem as suas próprias. E por isso o que parece fácil para um é difícil para outro e por aí vai.
Ainda assim, preciso trabalhar muito minhas expectativas, definir minhas prioridades e esquecer do resto (viu, louça? Você vai continuar por ai!).

PS: Quem ver a lista ali em cima pode pensar que eu consigo alcançar todas essas coisas e por isso piro. Não, não, o problema é justamente não alcançar, é ver a louça lá para lavar, não conseguir lavar, mas ficar remoendo aquilo e me sentindo uma incompetente.