Pinterest. @Marlene Dellazeri |
Mais uma vez o choro volta a ser assunto no meu maternar (já falei disso aqui e aqui). Depois de entender e aceitar o choro do desmame noturno achei que já tinha aprendido a importância desse ato para a expressão das dificuldades e frustações de Benj. Ledo engano, essa sombra é bem mais complexa do que imaginei e ainda sinto que tem muito a desvendar sobre lágrimas no meu peito.
Tudo começou (no plano consciente) com uma cárie no dente do meu pequeno e a necessidade de melhorar MUITO a escovação
De um lado o choro "inaceitável", do outro a raiva e o desespero.Duas bombas explodindo juntas diariamente.
Então, em um momento de desabafo meu regado a lágrimas tão reprimidas. Percebi o quanto o choro aliviou a carga. Era como se aquela água salgada limpasse as dificuldades dentro de mim. Com elas iam meus medos, minha negatividade, minha vontade de desistir. As lágrimas abriam espaço no peito para a esperança, para vontade de tentar de novo.
Mais tarde, no mesmo dia, uma amiga postou esse texto no Facebook (Obrigada, Vânia!). E foi quando as fichas começaram a cair.
Benjamin está dando milhares de sinais diários de que precisa desabafar: a irritação, o choro fácil, chama o pai várias vezes, chora quando faço algo e mais ainda quando faço o contrário de algo. E mama, mama e mama. Pede mamá constantemente.
Quantas vezes nos última dias fiz algo só para não ouvir seu choro? Quantas vezes dei de mamar contra vontade só pra ter silêncio? Quantos vezes dei colo e abraço para que ele NÃO CHORASSE? Quantas vezes quis calar e estancar suas lágrimas?
Nós nos mudamos de cidade recentemente, ele só vê o pai alguns dias da semana, está ficando longe de mim durante a manhã, falando e entendendo mais e mais, ficando cada vez mais independentemente e fazendo mais coisas sozinho... Sem contar na minha saudade do marido, nas minhas dificuldades com a mudança, nos problemas que não estou conseguindo lidar e que acabam alcançando ele também.Pois é, muito motivo para chorar nesse corpinho que completa 2 anos depois de amanhã.
E eu tentando parar o choro. Estancar as lágrimas. Quando ele só precisava chorar.
E hoje eu deixei que chorasse, acolhi o choro o melhor que pude: hora da janta e ele queria mamar, respondi que poderia depois que eu terminasse de comer. Chorou, chorou e eu fiquei com ele, fazendo carinho, olhando em seus olhos e aceitando seu choro. Mentalizando tudo que gostaria de dizer. Em alguns segundos o choro cessou, ele voltou a comer bem (já tem dias que troca o peito pela comida) e o senti mais tranquilo. Mais leve.
Bem vindo choro. Que eu saiba te aceitar e te receber. Seja do Benj, seja o meu, seja o de qualquer um.
Nota: ler novamente sobre o pedido deslocado que fala a Laura Gutman.