sábado, 24 de setembro de 2011

[LIVRO] A Tenda Vermelha, de Anita Diamant


Li esse livro pela segunda vez em outubro de 2010, e falei de como ele mexe comigo aqui, nesse post de outro blog.
Hoje percebo que o que me toca nesse livro não são só as dores de Dinah e sua família. Dores que não convém citar já que não quero atrapalhar a leitura de ninguém e esse livro vale cada página.
O que me toca são as reuniões femininas na tenda vermelha, a união das mulheres daquela época, a forma como uma se apoiava nas outras e se amavam. É estranho pensar que antigamente as mulheres eram muito mais unidas do que hoje em dia, ainda mais quando consideramos que muitas vezes elas dividiam o mesmo homem e teoricamente, a disputa entre elas deveria ser muito maior que hoje em dia.

Quando foi que nos esquecemos de amar nossas irmãs? Quando foi que nos ensinaram que somos inimigas e os homens são tão melhores que nós? Quando foi que esquecemos os segredos femininos e terceirizamos nossas funções biológicas? Quando foi que ficamos tão fúteis e vazias? Quando foi que no tornamos tão ou mais machistas que alguns homens?

Penso em toda vez que vi uma mulher brava porque outra tinha lhe roubado o namorado, dos insultos, da disputa entre elas. Quando na verdade, quem deveria ser insultado era o homem, afinal, o compromisso era dele, não? 

Não, eu não sou feminista (esse termo só me parece o machismo ao contrário). Eu sou mulher, sou fêmea, e gosto de ser diferente dos homens, dos machos. Gosto de sangrar a cada lua para lembrar que posso gerar, se não houvesse sangue mensal, hoje o Benjamin não estaria aqui se formando de mim e do pai dele.*

Fico triste ao ver mulheres brigando com outras mulheres por motivos tolos, de ver mulheres tentando provar que são tão capazes quanto os homens e tendo de deixar seu lado fêmea de lado, de ver mulheres renegando a biologia, enojadas com seu sangue, preocupadas com um padrão de beleza photoshopado e machista. 

A gravidez me fez gostar ainda mais de ser fêmea, o privilégio de gerar um bebê é nosso, e confesso que tenho uma certa compaixão com machos que não podem sentir com tanta intensidade esse momento. Foi também a gravidez que me fez ver que as tendas vermelhas tem se levantado novamente, que há mulheres por ai lutando para pegarem de volta o poder sobre seus corpos, sobre sua sexualidade e sobre seus mistérios.

Vejo mulheres passando os mistérios umas para as outras, fêmeas alfa, fortes, admiráveis, são doulas, parteiras, enfermeiras obstetras (e as que tem passado para mim são daqui). Às vezes elas não têm rótulo nenhum, mas ensinam a parir, a amamentar, a maternar, são mulheres que conquistaram seus mistérios de volta e agora cuidam de devolvê-los a outras mulheres.

O mais bonito dessa tendas vermelhas modernas é que os homens não são mais proibidos de entrar nelas, os machos dispostos podem participar desse processo e os que tem coragem para fazer esse trajeto encontram a força do feminino, ficam mais perto de entender as diferenças e mais apaixonados pelas fêmeas. As tendas vermelhas também transformam os machos. Pena que os machistas não tenham coragem suficiente para fazer essa jornada ao lado de suas companheiras.

Mas vejo nesses círculos mistos de mulheres e homens uma nova esperança, uma nova possibilidade. Sem guerra dos sexos, sem inferior X superior, gêneros diferentes lado a lado. Homens e mulheres, machos e fêmeas se complementando.

Que os deuses permitam que eu e o Alex possamos criar o Benjamin assim, reconhecendo a força das fêmeas, respeitando o poder feminino e também o seu próprio poder de macho. Que ele não tenha medo de entrar nas tendas vermelhas, que ele caminhe lado a lado daquela que um dia amar.

*Sobre a menstruação tem um livro maravilhoso da Monika Von Koss que super vale a pena, Rubra força: fluxos do poder feminino. A sinopse pode ser encontrada aqui e uma parte do livro aqui.

Mais um post confuso. Era para ser sobre o livro, mas divaguei demais e não pretendo mudar. Aliás, não vou nem revisar. Só percebi que esqueci um dos pontos principais de falar do livro aqui, a história fala de Dinah e sua família. Família essa que já citei aqui, falando da origem do nome Benjamin. É! Benjamin é o irmão caçula de Dinah. E apesar deles não terem se conhecido e ele mal ter sido citado no livro, ser dessa família foi um dos muitos motivos da escolha do nome. Eu tinha cogitado Dinah se fosse uma menina.


Melhorar...

Ser mãe sempre fez parte dos meus planos, sempre foi uma das coisas que eu mais queria, mas eu só pretendia passar para essa fase depois de resolver alguns defeitos meus que me incomodavam (ainda incomodam) muito. A ideia era essa principalmente para que a cria não recebesse esses defeitos, não assimilasse essas coisas ruins.

Eu ia me tornar mais organizada, ia ser mais disciplinada, ia conseguir ter um vida mais saudável (menos sedentarismo e alimentação equilibrada), ia dormir menos e ser menos preguiçosa (eu praticamente hiberno às vezes), ia ser menos tímida (consequentemente, menos anti-social), ia lidar melhor com minhas emoções, ia ser menos crítica, principalmente comigo e com os que eu amo, ia ser/fazer tanta coisa...ia melhorar tanto.

Bom, a gravidez veio antes desse upgrade pessoal e ainda tenho receio de passar esses e outros defeitos para o Benjamin. E agora, eu olho para bagunça que tá o quarto que era meu na casa do meu pai e vejo o quanto dos meus defeitos estão incluídos nessa bagunça: a falta de organização de ter deixado chegar a esse ponto, a preguiça de arrumar... Suspiro.

Penso na teoria de que o que nos incomoda nos outros é o que nos incomoda em nós. Será que vou ser do tipo de mãe que briga com o filho pela bagunça do quarto enquanto o dela tá igual?

Tenho dois consolos nisso. O primeiro é que se eu fosse melhorar todos os meus defeitos nunca teria tempo para ter um filho. O segundo é que posso tentar ir melhorando aos poucos, junto e ao lado do Benjamin.


Que post mais sem pé nem cabeça....

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

E a creche?

36 semanas e 5 dias. Eu ainda nem o tenho nos braços e já tenho pensado em quando for hora de deixá-lo, mesmo que por muitas algumas horas em uma creche.


Metade de mim diz que eu não deveria estar me preocupando com isso antes da hora, diz para deixar que as coisas vão se ajeitando. A outra metade, a racional, diz que não posso me dar ao luxo de adiar esses pensamentos.
Em um acordo entre as partes, decidi pelo meio termo. Vou sim pensar no assunto, olhar creches, pesquisá-las, pedir indicações, encontrar a que se encaixa melhor no que eu quero e no que eu posso pagar. Decidir por algumas e descobrir como funciona a matrícula, deixar reservado se for necessário. Porque se precisar mesmo ir para creche, pelo menos será uma pensada, analisada, sem correrias.


Depois vou esquecer do assunto, não vou pensar na separação, ou em que como um serzinho tão pequeno vai para um lugar com desconhecidos e sem atenção necessária. Não vou pensar na minha dor, nem na dele... vou me focar no parto, nos dias junto dele e procurar uma solução melhor para não ferrar a renda familiar nem abandonar o pequeno em uma creche.


Só para constar: creche é uma palavra muito feia...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Benjamin está chegando...

Não, eu não estou em trabalho de parto. Ainda bem, por que estou apenas com 36 semanas e tenho muitas coisas para arrumar para chegada dele. Mas foi nessa semana que eu tomei consciência de que ele está vindo mesmo, que logo terei um bebê nos braços, e também foi quando o medo, as inseguranças e as incertezas deram lugar a felicidade e a ansiedade por ele.

Sei que parece estranho, mas eu demorei para tomar consciência de estar grávida. Foi com uns 4/5 meses que senti a gravidez como real, antes era como um sonho ou uma loucura. Até pouco tempo atrás tive medo que levasse mais ou menos o mesmo tempo para perceber que o bebê que logo estará em meus braços era meu filho, que demorasse para sentir aquele amor que envolve a gente que a maioria das mães fala. Sendo mais objetiva, senti medo de rejeitar a cria, não me sentir mãe, ter depressão pós-parto...

Porque eu sou assim, tem um delay entre o "saber algo" e "tomar consciência". Eu demoro um pouco para me tocar de que algo é real. Foi assim que o início da faculdade e com o final dela, com o começo do namoro (com os términos no meio)... enfim, com tudo.

Até então eu pensava no parto com carinho, me preparava para ele (ainda me preparo), eu gostava de pensar na gravidez e no trabalho de parto. Mas parava ai, não conseguia me ver com um recém-nascido nos braços, um serzinho que dependia exclusivamente de mim e do meu corpo. Eu não me sentia preparada para o pós-parto. Eu pensava muito no Benjamin mas, ou era nele aqui agora, dentro da barriga quentinha, ou mais tarde, já com alguns meses ou anos. Havia uma lacuna entre a gravidez e essa fase, uma lacuna que só agora tem se preenchido.

Eu tinha muito medo de não dar conta de cuidar dele nos primeiros meses, de não conseguir me doar o necessário, de não amá-lo o suficiente (ainda tenho). Nunca neguei nenhum desses medos, do mesmo jeito que tentei aceitar todas as inseguranças da gravidez. E acho que foi aceitar que a gravidez não é um comercial de margarina que me tem me ajudado a aproveitar melhor as partes boas e a me sentir mais forte e preparada. Estou tentando respeitar meu próprio tempo e não forçando as coisas. Acho que tem funcionado...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Parto humanizado e domiciliar. Mas por quê?

Esse post não pretende informar sobre os motivos médicos que fazem com que o parto natural seja o mais interessante. Nem tenho gabarito para isso, é mais para explicar (e entender) os meus porquês. Se você procura informações científicas, veja os links no final do post.

Maternar sempre foi um sonho para mim, embora a maioria das pessoas a minha volta estranhem quando digo o quanto eu quis ser mãe. E o parto sempre foi uma parte importante do maternar, era o momento sagrado e mágico em que uma criança chega ao mundo. Era o ritual de passagem de filha para mãe, muito mais do que o sexo em si, o parto tornava a donzela em mulher... Afundar na dor, no instinto, encontrar nossas sombras mais profundas e então retornar, com uma criança nascida nos braços e renascida em mulher.

E eu sempre dei muito valor aos rituais de passagem, sempre senti uma pontada de decepção por não ter me preparado para a primeira menstruação. Por não existir mais a passagem dos segredos femininos de geração para geração, por eles estarem tão deturpados, tão neglicenciados. A maioria das mulheres nem se percebe mais da importância do sangue menstrual.

Desde pequena, lá pelos 11 anos, eu decidi que queria um parto na água (hoje já sei que não depende de uma decisão, mas do que meu corpo achar melhor na hora). Foi em um programa do Discovery, acho que o nome era História de um Bebê. Em um dos episódios apareceu um parto em uma banheira e aquilo era mágico, era um jeito maravilhoso de parir e de nascer. Mais tarde encontrei blogs e sites que apoiavam o parto natural, a amamentação prolongada... Coisas que iam de encontro ao que eu acreditava, fui vendo que não era a única a dar importância aos rituais de passagem, aos mistérios do corpo feminino. Encontrei mulheres que lutavam pelo seus direitos e pelos direitos de suas crias. Mulheres que lutavam para ter de volta o controle sobre seus corpos, aos seus segredos, tanto na hora do parto quanto na criação dos pequenos. Mulheres que sabiam de sua força...

Além do valor desses evento fisiológico e da influência deles na psique e espírito, tem também a importância que ele seja o mais natural possível, com o mínimo de intervenções e de drogas sintéticas., a não ser que sejam realmente necessárias para a sobrevivência e bem estar de mãe e filho 
Isso porque, o corpo humano, como o de todos os animais, foi feito para procriação da espécie, os hormônios são liberados para que isso ocorra e para que a mãe proteja a cria. A Natureza tem milhões de anos de experiência aprimorando o parto, e se estamos aqui hoje é porque funciona, porque mesmo que eu tenha nascido de cesárea, minha mãe, meu pai e todos os meus tios nasceram de parto natural, em casa, e nem todos tiveram parteira. Já a medicina tem quantos anos em intervenções e cesarianas?

Mesmo que não saibamos nenhuma história de problemas pelo excesso de cesariana (pelo menos, comprovadas cientificamente), não temos garantia nenhuma da segurança dela usada de forma indiscriminada, temos? O médico diz que é seguro hoje da mesma forma que achavam seguro assistir a testes de bomba atômica assim. (Tá, comparação um pouco exagerada, mas deu para entender como mudam a visão humana das coisas, né? O que hoje é dito seguro amanhã pode ser visto como absurdo)

Além do mais a dor é um aviso do corpo, é uma forma de comunicação que desaprendemos a entender. Estamos em uma sociedade em que isso é usual. É normal tomar um remédio qualquer para o mínimo de dor ou desconforto. Uma dorzinha de cabeça chata e lá vem o analgésico, não se pára para pensar no motivo da dor, não se trata a causa, se trata o efeito. E o que acontece? O corpo percebe que foi ignorado, não deram ouvidos para seu grito, e se a causa continua (trabalho demais, por exemplo) ele grita mais forte, a dor aumenta. Se toma uma dose maior de analgésico e o ciclo se repete.
E o mesmo acontece com as dores 'não-físicas', depressão? Anti-depressivo. Não consegue dormir? Calmante. E assim caminhamos, ignorando nosso corpo e seus avisos.

Por isso eu acho que é importante sim sentirmos a dor do parto, porque se ela faz parte do processo deve ter sua importância. Não que eu seja masoquista, ou que não esteja morrendo de medo da dor (e se eu não aguentar?), ou que não esteja torcendo para que eu esteja no time das mulheres que sente pouca ou nenhuma dor. Mas não quero que meu parto seja uma experiência pela metade, eu quero que ele seja completo, e se meu corpo diz que eu devo sentir dor por algum motivo, é porque eu preciso passar por essa dor, descobrir de onde ela vem e tratar sua causa. Causa essa que pode ser a posição, tensão, esforço... então, ao invés de ingerir drogas para cortar a dor, vou me focar em entender meu corpo para responder ao seu pedido: mudo de posição, tento relaxar, massagens para aliviar o músculo que está se esforçando.

Dor para mim não é sofrimento. Dor é só um aviso fisiológico, sofrimento é meu psicológico focando de forma errada na dor e se eu entendo o porquê e a importância da dor, já é meio caminho andado para aceitá-la e superá-la. Sei que um hospital não respeitaria essa minha opção, muito menos entenderia...

Da mesma forma que quero respeitar os avisos do meu corpo que vem em forma de dor, quero respeitar o meu tempo e o tempo do meu bebê. Não quero ter prazo para parir como se fosse um trabalho. Um hospital também não respeitaria isso.

Também não respeitaria o meu desejo de evitar intervenções desnecessária no meu filhote, ou o meu jeito de parir, fosse no silêncio ou fosse aos gritos.

Um hospital padrão e tradicional era a minha última opção por não respeitar meus desejos, por tirar de mim a chance de parir meu filho da forma como eu acho melhor, por tornar um ritual de passagem sagrado em um procedimento médico, mesmo que fosse parto pela via vaginal.
A primeira opção era uma casa de parto, mas não encontrei nenhuma na região. A segunda um hospital realmente humanizada, também não achei. Contudo, na busca pela casa de parto encontrei a possibilidade de um parto domiciliar. E lendo, conversando, pesquisando... essa opção foi se tornando cada vez mais real e de repente, se tornou a única em que cabia tudo que eu queria para um parto, a única que eu queria

E é assim que eu decidi ter meu filho, em casa, com acompanhamento da equipe do Bebedubem , de São José dos Campos.

Se eu tenho medo dessa escolha? Se eu tenho medo de algo dar errado? Tenho mais medos do que dedos na mão, mas quem não os tem?

PS: Um livro teve muita influência nesse desejo por um parto natural e acompanhado de outras mulheres, A Tenda Vermelha, de Anita Diamant. Mas isso fica para um outro post.

Onde encontrar informações sobre parto humanizado:


Sobre parto domiciliar:





terça-feira, 6 de setembro de 2011

8 meses...

Pára e pensa nas semanas, divide por quatro e só então percebe que está de oito meses. OI-TO ME-SES! O que significa que daqui a mais quatro semanas, começa a ansiedade do pode-nascer-a-qualquer-momento.

Já posso começar com a crise do ninho (ou seja lá como se chama)? É, aquela que chega no final da gravidez e faz todas as mães enlouquecerem pensando que tem que deixar tudo pronto para cria.

Será que vai dar tempo? Posso entrar de licença amanhã para arrumar tudo? E se não der? Como faz? E se o trabalho de parto começar, engrenar e não tiver nada pronto e se eu não estiver pronta?