domingo, 23 de dezembro de 2012

Sentimentos e reações - por que nos incomodam?

Estava fazendo meu filho dormir agora e ele começou a se contorcer e a chorar de bravo meio que do nada(é a explosão de fúria dele). Isso me stressa, me irrita, me deixa ainda mais nervosa (eu já estava, pq fazia uns 40 min que tava fazendo ele dormir já, ninando no colo enfim...). Ai fiz o de sempre, tentei conter o corpinho dele até ele se acalmar e tentando controlar a minha raiva. Ai percebi uma coisa, eu estava tentando conter a raiva, a dele e a minha. Mudei de atitude, ao invés de conter, deixei que ele liberasse a raiva, com movimentos, com o grito e com o choro. E respirei deixando que a minha raiva também fosse embora. Ele se acalmou, voltou a mamar e depois dormiu (bem depois pro meu desespero, pelo menos o tempo serviu para essa reflexão). Com isso tudo comecei a pensar, por que eu preciso conter a raiva dele? Pq conter a minha? Ao conter, a raiva ela fica no nosso corpo, e vai piorando... se deixamos ela ir, ela vem e passa. Flui e dá lugar a outro sentimento. Eu sempre fui contida, nem me lembro de não ser. Contida em tudo, há anos tento esconder meus sentimentos, da tristeza, a raiva e também a felicidade. Mesmo quando eu queria pular, rir a toa, eu me continha e fingia que não estava tão feliz. Por que? Eu não sei responder, meus pais são assim, aprendi assim e nem sei o motivo. E vou seguranda a raiva, o choro, tudo de ruim até que explodo e ai, é difícil segurar. Celular na parede e coisas assim. Percebi que era isso que estava ensinando ao meu filho, a esconder o que sente não aceitando a raiva dele, devolvendo com uma raiva também, uma raiva contida. Agora pretendo fazer diferente, acolher todos os sentimentos da mesma forma que acolho o choro quando ele cai. Dizer a mesma coisa: "Chora, filho, chora que a dor passa!". "Grita, filho, grita que a raiva passa". E quando a minha raiva vir, fazer exercícios de respiração para que ela flua e dê lugar a outros sentimentos. Por que nos incomodamos tanto com as demonstrações dos sentimentos deles? Se não machucam ninguém (às vezes ele bate com raiva, mas normalmente depois que já tentamos conter e já não aceitamos a raiva) nem eles próprios, que permitamos as explosões deles e também as nossas. Que aceitamos os sentimentos, que deixemos que venham e que vão. Que lição deixamos ao não permitir e até castigar os sentimentos? Beijos reflexivos. (e-mail enviado por mim mesma a lista Materna/Matrice em uma discussão sobre 'birra', explosões de fúria...)