sábado, 7 de abril de 2012

Ninar, ah, ninar!

Fazer o Benjamin dormir está na minha lista de Coisas que eu amo fazer e também no topo da Coisas que eu odeio fazer. É, é sim, é muito contraditória essa tal de maternidade.
Eu AMO pegar aquele serzinho no colo, normalmente mamando, cantar para ele, embalá-lo, ver os olhinhos fechando, devagarzinho. E sentir o corpinho ficando mais pesado, ficando mais molinho. Para mim é a melhor representação da segurança e da confiança que ele tem em mim, se entregando para o sono no meu colo. Sinto uma paz enorme com isso, minha respiração fica mais tranquila e eu fico tentando registrar esses momentos para sempre, para nunca esquecer.
Mas e quando os olhinhos demoram para fechar? Quando o pequeno decide me empurrar e tentar se levantar no colo? Quando eu tive aquele dia super conturbado e só quero me jogar no sofá? Quando até consigo fazê-lo dormir, mas é colocar na cama, sair do quarto e aquele chorinho vir?
E não tem jeito, é um ciclo. Se eu não relaxo, o Benjamin não relaxa e não dorme mesmo. Quanto mais rápido eu quero que ele durma, menos seguro ele se sente. Suspiro, tento me acalmar e lá vamos nós começar tudo de novo.
Tem dias que acabo dormindo junto mesmo. Nino até ele se acalmar (tem dias que nem precisa, só deitar e ele fica tranquilo), deito com ele mamando na cama e nós dois capotamos de sono.

E eu sei, que vai chegar um dia, em que ele vai me dar boa noite, se enfiar debaixo das cobertas e eu vou sentir tanta falta daqueles olhinhos fechando, do corpinho ficando pesado no meu colo...Filho, demora bastante para crescer, tá?

terça-feira, 3 de abril de 2012

Do meu nascimento

Meio ano de Benjamin e tudo de bom foi dito pra ele. Só me sobrou esse post no peito, de dores que não sei se são ilusões, projeções ou se são minhas mesmo.

As sensações vem e não sei se são reais. Sinto a dor de ser arrancada do meu mundo, a falta de cuidado do toque que até então eu nem conhecia. Não era meu tempo, eu não queria sair, eu não sabia que ia sair. Não me consultaram, só me arrancaram de lá, do único lugar que eu conhecia. No lugar do conforto, da segurança e da proteção só ficou essa saudade de não sei o que, essa sensação de não ser daqui, de não ser de lugar nenhum.
E eu me vi sozinha, em um mundo que não me pertencia, havia silêncio e escuridão. Talvez houvessem barulhos, talvez houvesse luz, mas meus ouvidos não estavam prontos e meus olhos não encontraram os dela. Tudo doía, o que era aquilo tudo? Onde estava o conforto do líquido? A proteção e o calor do meu mundo? Chorei sozinha em lugar nenhum, era a única coisa que me restava e não resolvia. Chorei até que meus pulmões, inacabados, não aguentassem e dormi. No sono havia conforto. No sono eu podia sonhar que estava no meu mundo. E é no sono que encontro a saída até hoje, é para lá que fujo.
Não havia calor, não havia vida, eu caia no vazio e ninguém me protegia. E o toque que não tive hoje se reflete no pavor de ser tocada, não me toque, não encoste.
Eu sentia a sua solidão, era tão grande ou maior que a minha, ela queria a cria, ela queria. Mas não podia querer, não era o certo, não era. Os homens de branco é que sabiam, era eles que decidiam. Seu querer não cabia lá. Porque não traziam sua filha? Não, ela não podia pedir, quem dirá exigir. Aquele sentimento estava errado, inapropriado. Se calava frente aos onisciência do jaleco.
Não era seguro ali, ela fingia para si, escondia seus 'erros' dos outros. Tentava se encaixar, se ajustar, mas não podia esconder de mim. O medo, a insegurança, tudo que ela escondia dos outros, as sombras recaiam em mim.
E eu chorava entre os desmaios de sono, meu choro não era ouvido. De que adiantava chorar?  Eu dormia. De que adianta acordar? E nos meus sonhos eu mergulhava em uma piscina profunda, o tempo e o espaço se suspendiam, um salto de fé no líquido. É para lá que eu vou ainda, quando a cabeça funde.

Hoje devia ser dia de festa. Mas meu peito decidiu me lembrar de dores que nem sei se existem, e eu decidi acalentar o bebê em mim.